- 1 de setembro de 2017
- Posted by: Grupo IBES
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Por Aléxia Costa
A chamada “tomada de decisão compartilhada” é um conceito já bastante difundido em todo o mundo, como parte dos cuidados centrados no paciente. Profissionais de saúde e pacientes tomam decisões, juntos, sobre o tratamento.
Através deste conceito, objetiva-se conciliar os valores e preocupações de um paciente com as melhores evidências disponíveis sobre benefícios, riscos e incertezas de tratamento.
Pacientes são encorajados a considerar opções de tratamento ou gerenciamento disponíveis e os prováveis benefícios e danos de cada um, comunicando suas preferências de forma a escolher, junto com o profissional de saúde, a alternativa que melhor se adequa a eles.
Alguns estudos indicam que:
- pacientes continuam menos informados e envolvidos na tomada de decisões sobre seus cuidados de saúde do que eles gostariam;
- a tomada de decisões compartilhada pode melhorar a satisfação do paciente e leva a decisões de melhor qualidade;
- pacientes que utilizaram apoio à decisão, baseado em evidências, melhoraram o conhecimento das opções, criando expectativas mais precisas dos benefícios e danos e acham que tiveram maior participação na tomada de decisões do que as pessoas que recebem cuidados habituais;
- pacientes mais bem informados fazem escolhas diferentes, muitas vezes mais conservadoras e menos dispendiosas sobre o tratamento, talvez porque essa informação forneça uma avaliação realista dos prováveis benefícios e dos riscos de tratamento, permitindo decisões balanceadas sobre os resultados potenciais.
A ideia de incluir pacientes e famílias no processo de tomada de decisão agora é geralmente aceita, mas isso não é sempre claro e algumas condições podem parecer mais difíceis.
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Em um recente estudo publicado, Bradley e Green observaram o que pode ser considerado um dos domínios mais difíceis para a tomada de decisão compartilhada: o da saúde mental. Questões relativas à capacidade do paciente e o que exatamente significa a palavra “compartilhada” podem tornar-se vitais para este perfil de paciente e, portanto, o envolvimento da família e / ou cuidadores pode ser um desafio.
Este estudo procurou entender como os cuidadores e familiares daqueles com diagnóstico de doença mental grave estão atualmente envolvidos na tomada de decisões. A partir das respostas da pesquisa de profissionais de saúde e membros da família, emergiram temas em torno da definição de envolvimento e “regras de engajamento”. Os autores observaram que “os membros da equipe de saúe são aqueles que àbrem as portas” para o verdadeiro envolvimento familiar, e o processo não tem sido democrático.
À família e à equipe são atribuídas práticas, ao invés de papéis voltados para a família, com preocupação em torno de noções de adesão. Com isso, os autores sugerem que “os membros da equipe de profissionais de saúde precisam de apoio, treinamento e educação para aplicar a tomada de decisão compartilhada”.
O tempo para trocar informações é vital, mas na prática bastante difícil. “Somente uma negociação entre funcionários, usuários de serviços, familiares, colegas e cuidadores, com funções e responsabilidades atribuídas, podem apoiar a tomada de decisão compartilhada”, conclui o estudo.
É tempo de mudarmos velhos paradigmas!
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Aléxia Costa – Diretora de Ensino e Capacitação do IBES
Farmacêutica pela Universidade Católica de Santos. Mestre em Genética e Genomas pela UNIVAP. MBA em Gestão e Engenharia da Qualidade pela Escola Politécnica da USP. Monitora de Pesquisa Clínica pela Sociedade Brasileira de Profissionais de Pesquisa Clínica. Avaliadora de Sistemas de Saúde, através da metodologia ONA e Accreditation Canada. Docente da disciplina Gerenciamento de Riscos aplicado à Gestão da Qualidade, no MBA da Escola Politécnica da USP. Experiência em Gerenciamento de Farmácia Hospitalar e Oncológica em instituições de saúde. Fellow ISQua.
Referências bibliográficas:
Bradley E, Green D. Involved, inputting or informing: “Shared” decision making in adult mental health care. Health Expect. 2017;00:1–9.