- 20 de fevereiro de 2016
- Posted by: Grupo IBES
- Category: Segurança do Paciente
A taxa de mortalidade hospitalar é uma medida comum de qualidade de cuidados de saúde. Reuniões para análise de morbidade e mortalidade são usuais, mas há poucos relatos sobre processos de análise de mortalidade hospital como ferramenta para fornecer maior compreensão dos problemas de qualidade de cuidados que possam estar associados à morte de pacientes. A taxa de mortalidade continua a ser um indicador de qualidade importante por várias razões:
- a morte é um resultado altamente visível/identificável e geralmente indesejável,
- a maioria das mortes ocorre em hospitais e
- o aumento da taxa de mortalidade pode ser causada pela assistência de má qualidade.
Óbitos podem e devem ser revistos por qualquer revisor e podem gerar oportunidades de melhorias se forem revisados por um comitê multidisciplinar. Um estudo realizado em no Hospital de Ottawa utilizou uma enfermeira e um médico independentes para rever cada óbito ocorrido em vários locais de uma instituição de ensino ao longo de um período de 3 meses. Cirurgias-dia, internações eletivas e de emergência foram todos incluídos se os pacientes morreram durante o período de estudo. O foco das análises era revisar se tais questões estavam respondidas, implicitamente ou não:
A) Haviam quaisquer oportunidades de melhoria da qualidade?
Foi definida como “oportunidade de melhoria da qualidade” como qualquer situação onde o cuidado do paciente foi negativamente influenciado por lacunas nos processos de cuidados padrão. Esta definição foi intencionalmente ampla e colaboradores foram incentivados a incluir os casos se eles estavam com dúvidas, para que todos os casos com oportunidades de melhoria fossem trazidos para a próxima etapa da avaliação. A má assistência não tem que ser a causa da morte.
B) A morte foi antecipada?
Colaboradores foram instruídos a rotular uma morte como inesperada caso ela não fosse previsível no momento da admissão ou durante todo o período de internação. A prova de que a morte foi inesperada poderia incluir planejamento de alta ativo, falta de documentação dos desejos de fim de vida ou agendamento de uma cirurgia eletiva antes da morte. Mortes inesperadas foram todas classificadas como tendo uma oportunidade de melhoria. Embora existam casos de morte inesperada, sem nenhuma oportunidade de melhoria, o estudo buscou capturar casos em que a morte era um resultado razoavelmente provável, mas a equipe médica não reconheceu. Quando a morte foi considerada um resultado provável, considerou-se o fracasso para se preparar para isso como uma oportunidade de melhoria.
Durante um período, foram revisados 427 óbitos hospitalares: 33 mortes (7,7%) foram consideradas inesperadas e 100 (23,4%) foram consideradas associadas com uma oportunidade para melhoria. Ao todo, foram identificadas 97 oportunidades para melhorar os cuidados. Os tópicos mais comuns para melhoria assistencial foram: metas de atendimento não discutidas entre a equipe de cuidado do paciente (ou discussão inadequada) e atraso ou falha em alcançar um diagnóstico adequado. Durante este tempo, o hospital admitiu 12.819 pacientes (risco de mortalidade total = 3,3%).
A revisão concluiu que a morte foi inesperada no início da hospitalização para 1 em cada 20 óbitos e importantes questões de qualidade estavam presentes para 1 em cada 5 óbitos. A revisão de mortalidade de toda a instituição encontrou muitas lacunas de qualidade entre os óbitos destes pacientes, em particular a discussão inadequada de metas de atendimento. Os autores concluem que a avaliação de mortalidade deve ser feita assegurando o envolvimento da equipe assistencial, assegurando que as discussões sobre os casos ocorram após cada óbito, de modo a serem tomadas ações quando as lacunas de qualidade são identificadas.
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FONTE: Kobewka, D.M. et al. Quality gaps identified through mortality review. BMJ Quality & Safety. 8 February 2016.