- 13 de outubro de 2016
- Posted by: Grupo IBES
- Category: Notícias, Segurança do Paciente
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e seus parceiros estão pedindo o fim da discriminação, assédio e falta de respeito que dificultam a capacidade das parteiras (midwives) de prestar cuidados de qualidade às mulheres e recém-nascidos. “É hora de reconhecer o papel essencial que as parteiras desempenham para manter mães e recém-nascidos vivos”, afirmou Anthony Costello, diretor de Saúde Materna, Infantil e de Adolescentes na OMS. “Suas vozes foram ignoradas por muito tempo e muitas vezes tem sido negado a elas um lugar na mesa de tomada de decisão.”
A primeira pesquisa global sobre parteiras liderada pela OMS, Confederação Internacional de Parteiras (ICM, sigla em inglês) e White Ribbon Alliance (WRA), “Midwives’ Voices, Midwives Realities: Findings from a global consultation on providing quality midwifery care”, apresenta resultados a partir de questionário online preenchido por 2.400 parteiras em 93 países, financiado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, sigla em inglês).
Na pesquisa, as parteiras revelam que muitas vezes seus esforços são limitados por relações desiguais de poder dentro do sistema de saúde. Diversas profissionais também enfrentam o isolamento cultural, alojamentos inseguros e recebem salários baixos.
As organizações destacam a necessidade de proporcionar às parteiras apoio profissional (incluindo melhores condições de trabalho); educação consistente e ambientes regulatórios; e uma defesa mais forte em torno da profissão.
Todos os anos, mais de 300 mil mulheres morrem durante o parto e 2,7 milhões de recém-nascidos morrem durante os primeiros 28 dias de vida, muitas vezes por causas evitáveis. A profissão de parteira – cuidado qualificado, experiente e compassivo durante a gravidez e o parto – desempenha um papel vital na prevenção dessas mortes, mas somente quando o cuidado é de qualidade e prestado por parteiras educadas e regulamentadas por normas internacionais.
Desafios enfrentados pelas parteiras
“Assim como todos nós estamos comprometidos com o cuidado de mais alta qualidade para todas as mulheres, recém-nascidos e suas famílias, devemos estar unidos para garantir que a força de trabalho das parteiras seja apoiada por uma educação de qualidade, regulamentação e condições seguras de trabalho”, disse Frances Ganges, Chefe Executivo da ICM. “Parteiras devem ser respeitadas, compensadas e valorizadas, assim como acontece com outros profissionais.”
Um quinto das parteiras que responderam ao questionário online depende de outra fonte de renda para sobreviver, o que aumenta a pressão e a exaustão que elas vivenciam. Muitas combinam os papeis de trabalho, maternidade e cuidados com os outros em suas comunidades. Elas informaram que longas e estressantes jornadas afetam negativamente suas famílias; mais de um terço afirmou que não tinha escolha a não ser deixar as crianças menores de 14 anos sozinhas durante o tempo em que trabalham.
Embora a maioria das entrevistadas sinta que são tratadas com respeito, muitas parteiras relataram assédio no trabalho, falta de segurança e medo de violência. O desrespeito no ambiente de trabalho afeta negativamente a autoestima das parteiras e sua capacidade de prestar cuidados de qualidade às mães e bebês em todo o mundo.
Profissionalmente, muitas vezes não são fornecidos às parteiras nem uma educação adequada, nem apoio regulamentar e jurídico. Poucas associações nacionais de parteiras têm o apoio que precisam para desenvolver sua capacidade de liderança. A falta de investimentos reforça a desigualdade de gênero e as relações desiguais de poder dentro do sistema de saúde.
O que precisa mudar:
Os parceiros responsáveis pela pesquisa destacam a urgência de abordar os desafios que tantas parteiras enfrentam. Entre as medidas, estão:
1. Prestação de apoio profissional. Para melhorar as condições de trabalho para as parteiras e a qualidade do cuidado para mulheres e recém-nascidos, profissionais da área precisam receber salários que reflitam adequadamente o nível de suas competências e responsabilidades, sistemas de seguro de saúde e de segurança social, redes de apoio profissional, ambientes saudáveis e serviços de aconselhamento.
2. Uma melhor educação e regulação. O relatório traz recomendações para fortalecer ambientes de educação e regulação na profissão de parteira. Nove em cada dez entrevistadas acham que o reconhecimento das parteiras pelo serviço de saúde é importante para que mudanças aconteçam.
3. Defesa da profissão de parteiras. Com base nas conclusões do estudo, a OMS, a ICM, a WRA, a USAID, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e outros parceiros estão desenvolvendo uma estratégica destinada a abordar as dificuldades que as profissionais enfrentam para melhorar a qualidade do atendimento. A estratégia vai instar os tomadores de decisão globais a valorizar as evidências sobre o impacto positivo da atenção de qualidade das parteiras. Isso encorajará os criadores de políticas a utilizar os conhecimentos das parteiras ao tomar decisões políticas e estratégicas que afetam o cuidado materno e dos recém-nascidos.
“As parteiras são essenciais para proporcionar qualidade e cuidados maternos e neonatais respeitosos. Elas são capazes de prevenir e manejar várias complicações na gravidez e no nascimento e desempenham um papel crucial para acabar com as mortes maternas e infantis”, afirmou Ariel Pablos-Méndez, Administrador Assistente da USAID. “A USAID está comprometida a apoiar e empoderar o importante papel das parteiras na linha de frente dos sistemas de saúde.”
“Se quisermos alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, temos que valorizar e apoiar as parteiras”, disse Betsy McCallon, CEO da White Ribbon Alliance. “Parteiras são diretamente responsáveis por fornecer serviços de saúde reprodutivos, maternos e neonatais, mas elas ainda são em grande parte ausentadas ou ignoradas da elaboração de políticas e programas em todos os níveis. Hoje, nós estamos com as parteiras para pedir investimento e respeito pela profissão, assim todas as mulheres podem receber assistência digna e de qualidade como elas merecem.”
FONTE: Organização Pan-Americana de Saúde