- 25 de outubro de 2019
- Posted by: Grupo IBES
- Category: Notícias
Os riscos relacionados ao uso de equipamentos médico-hospitalares ainda não são bem compreendidos e gerenciados por todos os envolvidos. Profissionais de saúde podem se beneficiar da compreensão de erros relacionados à utilização, os princípios da engenharia de fatores humanos e as etapas que podem ser tomadas para reduzir o risco.
Por exemplo: quando um novo modelo de ventilador com maior tecnologia e recursos de programação é introduzido na unidade de terapia intensiva (UTI). Qualquer falha ou erro relacionado a esse tipo de equipamento crítico de manutenção da vida pode resultar em danos significativos ao paciente. Hipoteticamente, este dispositivo pode falhar de várias maneiras, incluindo as seguintes:
- O ventilador desliga sem aviso e sem emitir um alarme. O programa de software pode ter uma falha.
- Enquanto um paciente está sendo transferido, o ventilador é desligado, apesar das indicações de haver uma bateria interna totalmente carregada. A expansão alveolar crítica é perdida. A bateria tem um defeito interno e não pode carregar.
- Uma enfermeira inadvertidamente ajusta o volume corrente para um nível perigosamente baixo. O design do painel de controle é confuso e contribui para esse erro.
- Uma enfermeira ouve um alarme, mas assume que é o alarme da manta aquecedora e atrasa a entrada na sala para resolver o problema. O alarme do ventilador soa exatamente como o alarme no cobertor aquecido.
A tecnologia na saúde é essencial para fornecer atendimento seguro, de qualidade e de ponta aos pacientes. Mais de 1,5 milhão de dispositivos e equipamentos médicos diferentes estão disponíveis em todo o mundo. Infelizmente, a prevalência geral de erros relacionados a dispositivos e tecnologias e os danos que esses erros causam são mal definidos. Em um relatório publicado em 2002, o Food and Drug Administration (FDA) estimou que erros relacionados a dispositivos e tecnologia contribuem para centenas a milhares de mortes anualmente.
Existem dois tipos principais de erros relacionados a dispositivos de integridade: erros relacionados ao fabricante e erros de uso do dispositivo. O erro de uso do dispositivo parece ser mais comum do que o mau funcionamento dos dispositivos. Nem sempre é fácil distinguir entre os dois tipos. Um design inadequado do dispositivo (uma forma de erro relacionado ao fabricante) pode contribuir diretamente para o erro de uso.
A interação dos enfermeiros com dispositivos críticos é constante. Sistemas de monitoramento invasivos e não invasivos, bombas de infusão, equipamentos críticos de suporte à vida (por exemplo, dispositivos de assistência ventricular, ventiladores) são onipresentes. Menos óbvios são os armários de distribuição automatizados, os sistemas de gráficos computadorizados, os sistemas de gás medicinal e os equipamentos complexos adicionais nas áreas de laboratório, farmácia e outras áreas de suporte.
COMO GERENCIAR OS ERROS RELACIONADOS AO USO DE EQUIPAMENTOS E DISPOSITIVOS MÉDICO-HOSPITALARES
O primeiro passo é assegurar que exista um programa de gerenciamento de riscos, contemplando a manutenção preventiva e corretiva, bem como a calibração de forma efetiva de todo o parque tecnológico, incluindo os equipamentos de terceiros usados na organização.
O segundo passo é relatar eventos e quase acidentes. Quando ocorre um erro relacionado ao dispositivo, os usuários geralmente se culpam. Essa auto-culpa é uma tendência natural. Organizações e líderes também tendem a culpar usuários individuais e se concentram em incentivar a vigilância e a reciclagem de usuários para impedir novos eventos. Os relatórios devem incluir informações sobre características ambientais e do usuário, como pouca luz, fadiga, ruído e confusão sobre a interface do dispositivo, as quais são essenciais para entender os erros relacionados ao equipamento. O próprio design do dispositivo deve oferecer suporte, e não impedir, o uso seguro e eficiente.
O terceiro passo é rejeitar dispositivos e outras tecnologias de assistência médica que não atendam às necessidades da assistência prestada e exigir tecnologia bem projetada. Os enfermeiros e outros profissionais que trabalham nas linhas de frente estão em uma posição única para avaliar criticamente os dispositivos propostos. É fácil apertar os botões? Os botões podem ser sentidos adequadamente quando o usuário está usando luvas? Como é o alarme crítico? É fácil ver as configurações em um quarto escuro? Os recursos da bateria são apropriados para o uso planejado? Todas essas perguntas são melhor respondidas pelos profissionais que usarão o equipamento ou dispositivo.
Nenhum dispositivo é perfeito e cada organização deve determinar quais dispositivos melhor se alinharão aos sistemas, cultura, processos de fluxo de trabalho e características do usuário da organização. As avaliações após a implementação do uso de um dispositivo continuam sendo essenciais, porque usuários, ambientes e organizações mudam com o tempo, alterando o perfil de risco. Manter um programa de gestão de equipamentos efeivo representa grande parte da solução.
FONTE: Elizabeth Mattox, MSN, MS, ACNPC, CPPS. Medical Devices and Patient Safety. Crit Care Nurse August 2012 vol. 32 no. 4 60-68