A dupla verificação da medicação antes da administração, embora não seja exigida pela legislação, é uma barreira de processo implementada pela equipe de enfermagem com a intenção de reduzir o potencial de dano para o paciente. Porém, o excesso de medicamentos definidos para a dupla checagem tem feito com que o método seja banalizado e abandonado ao longo do tempo, pelos profissionais.

O processo de dupla verificação é realizado usualmente por um enfermeiro, médico ou técnico de enfermagem (cada organização define o seu processo de acordo com o dimensionamento, capacitação dos técnicos, política de medicamentos de alto risco, etc).  O foco é garantir que os medicamentos administrados a um paciente produzam o resultado terapêutico benéfico, e não ocorram erros de medicação.

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Cada organização define as diretrizes de dupla checagem, seja pela criticidade ou tipo dos medicamentos que serão passíveis desta etapa, por exemplo:

• De acordo com a via de administração: apenas para medicamentos subcutâneos, peridurais, intratecais, intravesicais etc.
• De acordo com a criticidade do medicamento: apenas para medicamentos potencialmente perigosos ou apenas para alguns itens desta lista.
• Para medicamentos administrados por profissionais em treinamentos admissionais.
• Para nutrição parenteral, enteral e quimioterápicos.
• Para medicamentos sob controle especial, como os narcóticos.
• Outros critérios.

Antes da administração, os “9 Certos da administração de medicamentos” devem ser controlados e conferidos por dois profissionais diferentes, registrando a dupla checagem na prescrição (ou outro método conforme as diretrizes da organização).

Os erros de medicação constituem uma ameaça à segurança dos pacientes. Meadows (2002) identificou que 38% dos erros de medicação ocorrem na etapa de administração de medicamentos.  A verificação ou a dupla verificação tem sido considerada um método preventivo bem estabelecido de redução de erros na administração, por ser considerada a “última barreira” antes do erro causar dano ao paciente.

Ainda que a eficácia da dupla verificação não seja bem pesquisada na literatura, melhorar a segurança do paciente envolve gerenciar riscos e implementar soluções para minimizar a sua recorrência.

As seguintes recomendações podem auxiliar as organizações na implementação do processo de dupla verificação de medicamentos:

■ Deve haver um protocolo claro e consistente para direcionar a dupla verificação dos medicamentos selecionados, para que todos os colaboradores sejam capacitados frente às diretrizes e sigam as recomendações.

■ Os sistemas de notificação de erros de medicamentos devem examinar falhas de sistemas e não apenas falhas humanas.

■ As organizações devem especificar quais medicamentos devem ser verificados duas vezes dentro e entre diferentes áreas clínicas, de forma a não banalizar o processo de dupla checagem para um número muito grande de medicamentos. Estudos mostram que os enfermeiros ignoram a dupla verificação quando estão com pouco tempo disponível.

A Diretora de Ensino e Capacitação do IBES, Aléxia Costa, complementa: “Vale lembrar que uma organização que suporta práticas seguras reduz fatores ambientais tais como superlotação, interrupções e distrações, demandas excessivas de carga de trabalho. De nada adiantará implementar um processo de dupla checagem se tais fatores não forem amenizados.”

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