[ivory-search id="27469" title="Default Search Form"]
[ivory-search id="27469" title="Default Search Form"]

O Papel do ESG na Redução de Custos e Melhoria da Eficiência em Saúde

O conceito de “Triple Bottom Line” tem ganhado relevância em diversos setores, inclusive na saúde

A incorporação dos princípios ESG – que abrangem aspectos ambientais, sociais e de governança – tem se mostrado uma estratégia eficaz para transformar a gestão das instituições de saúde. Ao adotar práticas sustentáveis e responsáveis, hospitais, clínicas e demais organizações do setor podem não apenas melhorar sua reputação e atrair investidores, mas também reduzir custos operacionais e aumentar a eficiência dos processos internos. Este texto explora como a integração do ESG contribui para a redução de custos e a melhoria da eficiência em saúde, fundamentando-se em estudos acadêmicos e práticas de mercado.

O setor de saúde enfrenta desafios constantes relacionados à alta demanda por serviços, à necessidade de otimização de recursos e à pressão para manter elevados padrões de qualidade. Nesse cenário, as práticas de ESG emergem como uma ferramenta estratégica para promover mudanças estruturais. Segundo Elkington (1998), o conceito de “Triple Bottom Line” – que vai além dos indicadores financeiros tradicionais para incluir impactos sociais e ambientais – tem ganhado relevância em diversos setores, inclusive na saúde. A integração dos critérios ESG permite que as organizações se tornem mais resilientes, eficientes e, consequentemente, capazes de reduzir custos operacionais e melhorar a qualidade dos serviços prestados.

 

Leia também: OMS: Sistemas de saúde resilientes às alterações climáticas e de baixo carbono

 

  1. Redução de Custos Através do ESG

2.1. Otimização de Recursos e Eficiência Operacional

A implementação de práticas ambientais, como a gestão eficiente de resíduos, o uso racional de energia e a redução do consumo de água, pode gerar significativas economias. Hospitais e clínicas que investem em sistemas de energia renovável e em tecnologias que monitoram o consumo energético, por exemplo, conseguem reduzir suas contas de energia e minimizar desperdícios (Deloitte, 2020). Além disso, a manutenção preventiva e o gerenciamento adequado de equipamentos médicos não apenas prolongam a vida útil dos aparelhos, mas também evitam paradas inesperadas que podem gerar custos elevados em manutenções corretivas.

 

2.2. Melhoria dos Processos de Governança

A governança eficaz é um dos pilares do ESG e tem impacto direto na redução de custos. Processos de tomada de decisão mais transparentes e bem estruturados reduzem a incidência de erros e fraudes, melhoram o planejamento estratégico e permitem a identificação precoce de riscos (Eccles, Ioannou & Serafeim, 2014). Com um sistema de governança robusto, a gestão hospitalar pode implementar controles internos que otimizam os processos administrativos e operacionais, diminuindo custos e aumentando a agilidade na resolução de problemas.

 

2.3. Engajamento Social e Capital Humano

Investir em práticas sociais, como a promoção da diversidade, a capacitação contínua dos colaboradores e a melhoria das condições de trabalho, resulta em maior satisfação e engajamento da equipe. Profissionais motivados e bem treinados tendem a apresentar melhores índices de produtividade, o que contribui para a eficiência do serviço e redução de custos associados a rotatividade e retrabalho (Gomes & Silva, 2021). Além disso, o fortalecimento das relações com a comunidade e a transparência nas ações sociais podem atrair parcerias e financiamentos que auxiliam na diminuição do custo total de operações.

 

 

  1. Melhoria da Eficiência em Saúde por Meio do ESG

3.1. Processos Sustentáveis e Inovadores

A integração dos critérios ESG estimula a adoção de tecnologias inovadoras e a modernização dos processos internos. A digitalização dos registros médicos, a implementação de sistemas de inteligência artificial para gerenciamento de dados e o uso de telemedicina são exemplos de iniciativas que, além de melhorar a qualidade do atendimento, reduzem o tempo e os recursos necessários para a prestação de serviços (Porter & Kramer, 2011). Tais inovações, ao mesmo tempo que elevam a eficiência operacional, contribuem para a sustentabilidade financeira das organizações.

3.2. Melhoria na Qualidade do Atendimento e Satisfação do Paciente

A excelência no atendimento está diretamente ligada à eficiência e à capacidade de uma instituição em gerir seus recursos de forma integrada. Práticas de ESG promovem uma abordagem mais humanizada e centrada no paciente, o que, por sua vez, diminui a ocorrência de readmissões e complicações clínicas – fatores que podem encarecer o tratamento. Estudos indicam que hospitais com altos índices de engajamento em práticas ESG apresentam melhores resultados clínicos e maior satisfação dos pacientes, refletindo na eficiência dos serviços prestados (Eccles et al., 2014).

3.3. Redução de Riscos e Aumento da Resiliência

A gestão dos riscos operacionais e financeiros é fundamental para a eficiência em saúde. Organizações que adotam práticas ESG estão mais preparadas para enfrentar crises, como interrupções na cadeia de suprimentos ou eventos climáticos extremos, que podem impactar severamente os custos e a continuidade dos serviços. A resiliência proporcionada por uma gestão sustentável permite a continuidade dos serviços mesmo em cenários adversos, protegendo os investimentos e garantindo a qualidade do atendimento (Deloitte, 2020).

 

  1. Desafios e Considerações para a Implementação

Apesar dos benefícios, a implementação dos critérios ESG no setor de saúde enfrenta desafios significativos. A necessidade de investimentos iniciais em infraestrutura e tecnologia, a adaptação cultural dos colaboradores e a complexidade regulatória são barreiras que devem ser cuidadosamente gerenciadas. Para superar esses desafios, é essencial contar com um planejamento estratégico robusto, parcerias com consultorias especializadas e o comprometimento da alta administração com a cultura de sustentabilidade.

 

  1. Conclusão

O ESG representa uma oportunidade estratégica para que instituições de saúde reduzam custos e melhorem sua eficiência operacional. Através da otimização de recursos, da melhoria da governança, do engajamento social e da adoção de tecnologias inovadoras, organizações do setor podem não só melhorar seus indicadores financeiros, mas também oferecer um atendimento de maior qualidade e promover um impacto positivo na comunidade. Embora desafios existam, os benefícios a longo prazo de uma gestão sustentável e responsável demonstram que o investimento em ESG é, sem dúvida, um caminho para a excelência na saúde.

 

Fonte da imagem: Envato

Referências Bibliográficas:

• Deloitte. (2020). ESG in Healthcare: Driving Efficiency and Cost Reduction. Deloitte Insights.
• Eccles, R. G., Ioannou, I., & Serafeim, G. (2014). The Impact of Corporate Sustainability on Organizational Processes and Performance. Management Science, 60(11), 2835-2857.
• Elkington, J. (1998). Cannibals with Forks: The Triple Bottom Line of 21st Century Business. Capstone Publishing.
• Gomes, A., & Silva, R. (2021). ESG e sua aplicação no setor de saúde. Revista de Gestão Hospitalar, 15(2), 45-60.
• Porter, M. E., & Kramer, M. R. (2011). Creating Shared Value. Harvard Business Review, 89(1-2), 62-77.



Deixe um comentário