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Por Alexia Costa

A enfermagem tem papel fundamental na prevenção dos erros de medicação. Confira algumas dicas para minimizar os problemas e garantir a segurança do paciente.

 

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A administração de medicamentos envolve múltiplos pontos de decisão que aumentam o potencial de erro. Os pacientes são internados com condições clínicas e regimes de medicação cada vez mais complexos. O ciclo da medicação inclui vários componentes: aquisição, armazenamento, prescrição, transcrição (em alguns casos), dispensação, distribuição, administração e monitoramento. Estima-se que 1 em cada 3 erros de medicação ocorram durante a fase de administração da medicação.

 

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Cada profissional de enfermagem usualmente administra uma média de 10 a 15 doses de medicamentos para cada paciente internado, diariamente. Tanto a quantidade quanto a complexidade da administração de medicamentos contribuem para o risco de erros de medicação, que impactam na segurança do paciente e no aumento de custos para as instituições.

Segundo estudo do AHRQ (Agency for Healthcare Research and Quality ), cerca de 1% a 2% dos pacientes hospitalizados são acometidos por erros de medicação, resultando em um aumento do tempo de permanência dos 4-10 dias1. E sabemos que ainda existe um grande número de eventos subnotificados, o que poderia aumentar ainda mais as estatísticas.

 

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Aproximadamente 1,5 milhões de erros de medicação evitáveis ​​ocorrem a cada ano nos Estados Unidos, excluindo erros de omissão. E em média, pacientes hospitalizados serão expostos a no mínimo um erro de medicação todos os dias quando estão hospitalizados. Com isso, enfermeiros e demais profissionais de enfermagem precisam estar bem capacitados e atentos para evitar os erros de medicação.

Interceptar um erro de medicação antes de chegar ao paciente é um exemplo de um evento chamado “quase-erro” ou “near-miss”. Se a instituição não busca definições claras, o grau de subnotificação de erros de medicação pode não ser plenamente reconhecido. Isso contribui para a incapacidade de mudar aspectos fundamentais na instituição.

Por exemplo: implantação de código de barras, diretrizes para uso de medicamentos de alto risco, dupla-checagem, entre outras práticas. As explicações para a subnotificação incluem a falta de consciência de que ocorreu um erro, a falta de familiaridade com os processos de notificação, o medo de implicações legais ou disciplinares, e o medo de ser percebido como incompetente profissionalmente.

O modelo de queijo suíço é utilizado para representar causas de acidentes e ilustrar como um erro ocorre através das barreiras do sistema. Cada fatia de queijo suíço representa um nível de proteção. No entanto, existem lacunas de segurança, e quando as lacunas se alinham, ocorrem os erros. A menos que um padrão de erros ou evidência de comportamento imprudente ocorra, um único evento não deve justificar a ação disciplinar ou demissão.

 

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Este conceito está na base das dogmas de uma “cultura justa”. Enfermeiros deve ser capazes de aprender com seus próprios erros e com os erros dos outros. Devem ter a obrigação de olhar para os riscos e erros, e ajudar a projetar sistemas mais seguros. Enfermeiros têm o dever profissional de denunciar os erros de medicação, pois não relatar erros de medicação aumenta a responsabilidade e viola as normas de ética profissional.

 

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Outras formas de evitar erros de medicação:

  1. Conhecer a farmacologia das drogas: Compreender o início, o pico, e a duração dos efeitos de medicamentos, saber as taxas de infusão de medicações IV, a ordem de infusão de protocolos quimioterápicos são medidas importantes para evitar reações adversas. O enfermeiro também deve participar junto da equipe de Farmácia na elaboração dos guias, tabelas e manuais sobre os medicamentos da instituição.
  1. Orientar o paciente para conhecer as ações e as indicações de todos os medicamentos administrados, para que ele participe no reconhecimento de reações adversas.
  1. Reconhecer medicamentos com embalagens parecidas ou nomes parecidos. Por exemplo: detectar um erro de dispensação identificando que a hidralazina foi dispensada no lugar da hidroxizina.
  1. Identificar distrações, fadiga e exaustão que frequentemente contribuem para erros. No momento de preparo e administração da medicação deve-se evitar conversas com os outros, bem como executar as atividades correndo. Nunca preparar medicamentos para mais de um paciente, ao mesmo tempo.
  1. Confirmar quaisquer cálculos de drogas, pedindo a um colega para checar o cálculo, a verificação da dosagem correta com a farmácia, ou consultar a bula para validar um intervalo de dose segura. O enfermeiro deve seguir a política institucional a respeito da necessidade de buscar uma verificação independente dos cálculos de dosagem para os medicamentos considerados de alto risco em sua configuração de prática.
  1. Não ignorar ou desativar os recursos de segurança e alerta das bombas de infusão. Igualmente importante é garantir que o profissional anterior programou corretamente a taxa de infusão.
  1. Promover um ambiente seguro, reduzindo distrações, melhorar a iluminação, e minimizando o ruído leves. A área onde enfermeiros preparam medicamentos deveria ser silenciosa e com boa iluminação.

Vamos relembrar mais um vídeo do Canal de Excelência em Saúde ?

No vídeo CEES #087 – Erros de medicação: precisamos treinar a enfermagem?, Aléxia Costa comenta um estudo sobre as causas dos erros de medicação.

 

AlexiaAléxia Costa – Diretora de Ensino e Capacitação do IBES

Farmacêutica pela Universidade Católica de Santos. Mestre em Genética e Genomas pela UNIVAP. MBA em Gestão e Engenharia da Qualidade pela Escola Politécnica da USP. Monitora de Pesquisa Clínica pela Sociedade Brasileira de Profissionais de Pesquisa Clínica. Avaliadora de Sistemas de Saúde, através da metodologia ONA e Accreditation Canada. Docente da disciplina Gerenciamento de Riscos aplicado à Gestão da Qualidade, no MBA da Escola Politécnica da USP. Experiência em Gerenciamento de Farmácia Hospitalar e Oncológica em instituições de saúde. Fellow ISQua.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. McLeod M, Barber N, Franklin BD. Medication administration errors in hospitals–challenges and recommendations for their measurement. Agency for Healthcare Research and Quality. 2014. http://www.qualitymeasures.ahrq.gov/expert/expert-commentary.aspx?f=rss&id=47856.
  2. Aspden P, Wolcott J, Bootman JL, Cronenwett LR eds. Preventing Medication Errors: Quality Chasm Series. Washington, DC: National Academies Press; 2007.
  3. Durham, Barbara DNP, RN, CNE. The nurse’s role in medication safety. Nursing. Volume 45 – Issue 4 – p 1–4, 2015.