- 27 de março de 2017
- Posted by: Grupo IBES
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Por Alexia Costa
A enfermagem tem papel fundamental na prevenção dos erros de medicação. Confira algumas dicas para minimizar os problemas e garantir a segurança do paciente.
A administração de medicamentos envolve múltiplos pontos de decisão que aumentam o potencial de erro. Os pacientes são internados com condições clínicas e regimes de medicação cada vez mais complexos. O ciclo da medicação inclui vários componentes: aquisição, armazenamento, prescrição, transcrição (em alguns casos), dispensação, distribuição, administração e monitoramento. Estima-se que 1 em cada 3 erros de medicação ocorram durante a fase de administração da medicação.
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Cada profissional de enfermagem usualmente administra uma média de 10 a 15 doses de medicamentos para cada paciente internado, diariamente. Tanto a quantidade quanto a complexidade da administração de medicamentos contribuem para o risco de erros de medicação, que impactam na segurança do paciente e no aumento de custos para as instituições.
Segundo estudo do AHRQ (Agency for Healthcare Research and Quality ), cerca de 1% a 2% dos pacientes hospitalizados são acometidos por erros de medicação, resultando em um aumento do tempo de permanência dos 4-10 dias1. E sabemos que ainda existe um grande número de eventos subnotificados, o que poderia aumentar ainda mais as estatísticas.
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Aproximadamente 1,5 milhões de erros de medicação evitáveis ocorrem a cada ano nos Estados Unidos, excluindo erros de omissão. E em média, pacientes hospitalizados serão expostos a no mínimo um erro de medicação todos os dias quando estão hospitalizados. Com isso, enfermeiros e demais profissionais de enfermagem precisam estar bem capacitados e atentos para evitar os erros de medicação.
Interceptar um erro de medicação antes de chegar ao paciente é um exemplo de um evento chamado “quase-erro” ou “near-miss”. Se a instituição não busca definições claras, o grau de subnotificação de erros de medicação pode não ser plenamente reconhecido. Isso contribui para a incapacidade de mudar aspectos fundamentais na instituição.
Por exemplo: implantação de código de barras, diretrizes para uso de medicamentos de alto risco, dupla-checagem, entre outras práticas. As explicações para a subnotificação incluem a falta de consciência de que ocorreu um erro, a falta de familiaridade com os processos de notificação, o medo de implicações legais ou disciplinares, e o medo de ser percebido como incompetente profissionalmente.
O modelo de queijo suíço é utilizado para representar causas de acidentes e ilustrar como um erro ocorre através das barreiras do sistema. Cada fatia de queijo suíço representa um nível de proteção. No entanto, existem lacunas de segurança, e quando as lacunas se alinham, ocorrem os erros. A menos que um padrão de erros ou evidência de comportamento imprudente ocorra, um único evento não deve justificar a ação disciplinar ou demissão.
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Este conceito está na base das dogmas de uma “cultura justa”. Enfermeiros deve ser capazes de aprender com seus próprios erros e com os erros dos outros. Devem ter a obrigação de olhar para os riscos e erros, e ajudar a projetar sistemas mais seguros. Enfermeiros têm o dever profissional de denunciar os erros de medicação, pois não relatar erros de medicação aumenta a responsabilidade e viola as normas de ética profissional.
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Outras formas de evitar erros de medicação:
- Conhecer a farmacologia das drogas: Compreender o início, o pico, e a duração dos efeitos de medicamentos, saber as taxas de infusão de medicações IV, a ordem de infusão de protocolos quimioterápicos são medidas importantes para evitar reações adversas. O enfermeiro também deve participar junto da equipe de Farmácia na elaboração dos guias, tabelas e manuais sobre os medicamentos da instituição.
- Orientar o paciente para conhecer as ações e as indicações de todos os medicamentos administrados, para que ele participe no reconhecimento de reações adversas.
- Reconhecer medicamentos com embalagens parecidas ou nomes parecidos. Por exemplo: detectar um erro de dispensação identificando que a hidralazina foi dispensada no lugar da hidroxizina.
- Identificar distrações, fadiga e exaustão que frequentemente contribuem para erros. No momento de preparo e administração da medicação deve-se evitar conversas com os outros, bem como executar as atividades correndo. Nunca preparar medicamentos para mais de um paciente, ao mesmo tempo.
- Confirmar quaisquer cálculos de drogas, pedindo a um colega para checar o cálculo, a verificação da dosagem correta com a farmácia, ou consultar a bula para validar um intervalo de dose segura. O enfermeiro deve seguir a política institucional a respeito da necessidade de buscar uma verificação independente dos cálculos de dosagem para os medicamentos considerados de alto risco em sua configuração de prática.
- Não ignorar ou desativar os recursos de segurança e alerta das bombas de infusão. Igualmente importante é garantir que o profissional anterior programou corretamente a taxa de infusão.
- Promover um ambiente seguro, reduzindo distrações, melhorar a iluminação, e minimizando o ruído leves. A área onde enfermeiros preparam medicamentos deveria ser silenciosa e com boa iluminação.
Vamos relembrar mais um vídeo do Canal de Excelência em Saúde ?
No vídeo CEES #087 – Erros de medicação: precisamos treinar a enfermagem?, Aléxia Costa comenta um estudo sobre as causas dos erros de medicação.
Aléxia Costa – Diretora de Ensino e Capacitação do IBES
Farmacêutica pela Universidade Católica de Santos. Mestre em Genética e Genomas pela UNIVAP. MBA em Gestão e Engenharia da Qualidade pela Escola Politécnica da USP. Monitora de Pesquisa Clínica pela Sociedade Brasileira de Profissionais de Pesquisa Clínica. Avaliadora de Sistemas de Saúde, através da metodologia ONA e Accreditation Canada. Docente da disciplina Gerenciamento de Riscos aplicado à Gestão da Qualidade, no MBA da Escola Politécnica da USP. Experiência em Gerenciamento de Farmácia Hospitalar e Oncológica em instituições de saúde. Fellow ISQua.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- McLeod M, Barber N, Franklin BD. Medication administration errors in hospitals–challenges and recommendations for their measurement. Agency for Healthcare Research and Quality. 2014. http://www.qualitymeasures.ahrq.gov/expert/expert-commentary.aspx?f=rss&id=47856.
- Aspden P, Wolcott J, Bootman JL, Cronenwett LR eds. Preventing Medication Errors: Quality Chasm Series. Washington, DC: National Academies Press; 2007.
- Durham, Barbara DNP, RN, CNE. The nurse’s role in medication safety. Nursing. Volume 45 – Issue 4 – p 1–4, 2015.