- 21 de agosto de 2019
- Posted by: Grupo IBES
- Category: Notícias
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) fez um alerta à complexa situação da dengue na América Latina e no Caribe, região que está enfrentando um novo período epidêmico da doença após dois anos de baixa incidência.
De acordo com a última atualização epidemiológica da OPAS, durante os primeiros sete meses de 2019, mais de 2 milhões de pessoas contraíram a doença; 723 delas morreram. O número de casos excede a quantidade registrada em 2017 e 2018, embora, até o momento, permaneça abaixo do que foi notificado entre 2015 e 2016.
“A região enfrenta um novo período epidêmico de dengue, com um aumento notável de casos”, afirmou Marcos Espinal, diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis e Determinantes Ambientais da Saúde da OPAS. O clima, a gestão ambiental e a capacidade de adaptação do mosquito são fatores que podem ter aumentado a complexidade da situação.
Outra característica da atual epidemia é que pessoas menores de 15 anos parecem estar entre as mais afetadas. Na Guatemala, elas representam 52% do total de casos de dengue grave, enquanto em Honduras, constituem 66% de todas as mortes confirmadas. Segundo Espinal, a causa pode ser vinculada ao fato de que se trata de uma população que, por sua idade, tem estado menos exposta ao vírus e, portanto, carece de imunidade.
A dengue é causada por um vírus que possui quatro sorotipos diferentes, mas que são estreitamente relacionados: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4, todos circulantes nas Américas. Quando uma pessoa se recupera da infecção, adquire imunidade vitalícia contra esse sorotipo em particular. No entanto, infecções subsequentes causadas por outros sorotipos aumentam o risco de desenvolver formas mais graves de dengue. O sorotipo 2 é um dos mais letais e que mais afeta crianças e adolescentes neste momento.
Os dez países mais atingidos pela dengue, segundo a quantidade de novos casos por cada 100.000 habitantes, são Nicarágua, Brasil, Honduras, Belize, Colômbia, El Salvador, Paraguai, Guatemala, México e Venezuela. Honduras e Nicarágua já declararam alertas epidemiológicos em nível nacional neste ano para agilizar as ações de resposta.
Eliminação de criadouros de mosquitos dentro e ao redor das casas
Dada a situação, a OPAS já chamou toda a comunidade e todos os setores da sociedade a trabalharem intensamente na eliminação de criadouros de mosquitos, particularmente os que estão dentro e ao redor de cada casa.
“A dengue é um problema de saneamento doméstico e comunitário”, disse José Luis San Martin, assessor regional da OPAS sobre dengue. “A maneira mais eficaz de combatê-la é eliminar os criadouros para evitar a reprodução do mosquito, pois sem mosquito não há transmissão da doença”, acrescentou.
San Martin pediu às comunidades que se livrem de todos os objetos em desuso que possam acumular água, como tambores, pneus velhos, latas, garrafas e vasos. Recipientes domésticos que possam armazenar água devem ser hermeticamente fechados. “A eliminação dos criadouros interrompe o ciclo de reprodução dos mosquitos, reduzindo assim sua população”, destacou.
Prioridade: salvar vidas
A OPAS também pediu que os profissionais de saúde sejam treinados para diagnosticar e manejar adequadamente os pacientes com dengue e outras arboviroses, como zika e chikungunya.
“O manejo adequado de pacientes é uma prioridade que pode salvar vidas”, disse San Martin. O assessor regional da OPAS pediu à população que evite se automedicar e, em caso de suspeita da doença, que busque o serviço de saúde em tempo oportuno.
Os sintomas mais comuns são febre alta (40°C), dor de cabeça intensa, dor atrás dos globos oculares e dores articulares e musculares. Entre os sinais de alerta de dengue que requerem atenção médica urgente, estão dor abdominal intensa, vômitos persistentes, respiração acelerada, hemorragias das mucosas, fadiga, irritabilidade e presença de sangue no vômito.
Não há tratamento específico para a dengue ou dengue grave, mas o diagnóstico oportuno, o acesso à assistência médica e o manejo adequado do paciente podem reduzir as complicações e a progressão da doença. A morte por dengue é quase sempre evitável.