- 11 de agosto de 2017
- Posted by: Grupo IBES
- Category: Sem categoria
Texto retirado dos Novos manuais da Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde, Volume 9 – Medidas de Prevenção de Infecção em Oftalmologia
A Síndrome Tóxica do Segmento Anterior é uma complicação potencialmente devastadora da cirurgia intraocular. Trata-se de uma reação inflamatória causada por substâncias não infecciosas, ou seja, não é causada por microrganismos como acontece na endoftalmite.
Pela característica do conjunto dos sinais observados, este tipo de reação inflamatória passou a ser chamada de Síndrome Tóxica do Segmento Anterior, com a nomenclatura em inglês “TASS” (Toxic anterior segment syndrome).
A cirurgia para a remoção da catarata é a que mais tem possibilidade de evoluir para este tipo de complicação, porém várias outras cirurgias oftalmológicas podem ser acometidas por este tipo de evento adverso: vitrectomia posterior, transplante de córnea e cirurgias combinadas de vitrectomia posterior e extração da catarata.
Em média, a incidência de TASS é 0,98%, podendo variar de 0,07% até taxas maiores de 2,13%.
A evolução dos casos de TASS geralmente tem um prognóstico favorável, porém complicações podem ocorrer nos casos mais graves, necessitando de intervenção cirúrgica como transplante da córnea ou cirurgia antiglaucomatosa devido à elevação da PIO quando impossível de ser controlada através de terapia medicamentosa.
Confira também: Como posso contribuir para aumentar a segurança do paciente?
O que causa a TASS são substâncias com grau de toxicidade maior que o suportado pelas estruturas intraoculares, sobretudo o endotélio corneano e a malha trabecular.
O método de esterilização que utiliza o Óxido de Etileno (EtO) foi apontado por dois estudos como a provável causa, porém esta hipótese foi refutada por um estudo que avaliou a reação intraocular causada pelo EtO em um estudo com ratos e constatou que este não está associado ao TASS.
É inquestionável que soluções desinfetantes como glutaraldeído ou ortoftaldeído apresentam toxicidade incompatível com as estruturas intraoculares, portanto altamente capaz de causar TASS.
Em relação aos detergentes enzimáticos é importante ressaltar que a sua utilização para a limpeza dos instrumentais é fundamental e não oferece risco, se o enxágue for realizado corretamente antes da esterilização.
Ações a serem desenvolvidas para prevenção de TASS
Com base nas recomendações encontradas na literatura, Luz et al. resumiram as principais medidas de prevenção relativas ao processamento de instrumentos cirúrgicos a saber:
- Lavar os instrumentais imediatamente após o uso, ou fazer uma pré-lavagem ainda no expurgo do centro cirúrgico, caso a lavagem imediata não seja possível.
- Lavar os instrumentais oftalmológicos separadamente dos outros instrumentais.
- Promover enxágue abundante dos instrumentais e vias de irrigação e aspiração, com água purificada utilizando preferencialmente pistola de enxágue com alta pressão.
- Secar os instrumentais com ar comprimido medicinal filtrado.
- Nunca utilizar no processamento dos instrumentais oftalmológicos soluções químicas como glutaraldeído, ortoftaldeído, ácido peracético.
- Reutilizar produtos passíveis de processamento, apenas após uma análise cuidadosa, atendendo as normas sanitárias e com envolvimento do Comitê de Processamento do Serviço de Saúde.
- Adquirir quantidade suficiente de produtos para saúde, incluindo os instrumentais cirúrgicos para permitir tempo suficiente para o seu processamento, segundo POP padronizado.
- Manter os colaboradores do centro cirúrgico e central de material e esterilização (CME) cientes dos possíveis eventos adversos e como preveni-los.
Confira também: [Gestão de risco] Conheça os métodos para aplicar o gerenciamento de riscos na saúde
Leia todas as informações sobre o tema no Volume 9 – Medidas de Prevenção de Infecção em Oftalmologia