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Texto retirado dos Novos manuais da Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde, Volume 9 – Medidas de Prevenção de Infecção em Oftalmologia

 

Complicação-cirurgia intraocularA Síndrome Tóxica do Segmento Anterior é uma complicação potencialmente devastadora da cirurgia intraocular. Trata-se de uma reação inflamatória causada por substâncias não infecciosas, ou seja, não é causada por microrganismos como acontece na endoftalmite.

Pela característica do conjunto dos sinais observados, este tipo de reação inflamatória passou a ser chamada de Síndrome Tóxica do Segmento Anterior, com a nomenclatura em inglês “TASS” (Toxic anterior segment syndrome).

A cirurgia para a remoção da catarata é a que mais tem possibilidade de evoluir para este tipo de complicação, porém várias outras cirurgias oftalmológicas  podem ser acometidas por este tipo de evento adverso: vitrectomia posterior, transplante de córnea e cirurgias combinadas de vitrectomia posterior e extração da catarata.

Em média, a incidência de TASS é 0,98%, podendo variar de 0,07% até taxas maiores de 2,13%.

A evolução dos casos de  TASS geralmente tem um prognóstico favorável, porém complicações podem ocorrer nos casos mais graves, necessitando de intervenção cirúrgica como transplante da córnea ou cirurgia antiglaucomatosa devido à elevação da PIO quando impossível de ser controlada através de terapia medicamentosa.

 

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O que causa a TASS são substâncias com grau de toxicidade maior que o suportado pelas estruturas intraoculares, sobretudo o endotélio corneano e a malha trabecular.

O método de esterilização que utiliza o Óxido de Etileno (EtO) foi apontado por dois estudos como a provável causa, porém esta hipótese foi refutada por um estudo que avaliou a reação intraocular causada pelo EtO em um estudo com ratos e constatou que este não está associado ao TASS.

É inquestionável que soluções desinfetantes como glutaraldeído ou ortoftaldeído apresentam toxicidade incompatível com as estruturas intraoculares, portanto altamente capaz de causar TASS.

Em relação aos detergentes enzimáticos é importante ressaltar que a sua utilização para a limpeza dos instrumentais é fundamental e não oferece risco, se o enxágue for realizado corretamente antes da esterilização.

Ações a serem desenvolvidas para prevenção de TASS

Com base nas recomendações encontradas na literatura, Luz et al. resumiram as principais medidas de prevenção relativas ao processamento de instrumentos cirúrgicos a saber:

  • Lavar os instrumentais imediatamente após o uso, ou fazer uma pré-lavagem ainda no expurgo do centro cirúrgico, caso a lavagem imediata não seja possível.
  • Lavar os instrumentais oftalmológicos separadamente dos outros instrumentais.
  • Promover enxágue abundante dos instrumentais e vias de irrigação e aspiração, com água purificada utilizando preferencialmente pistola de enxágue com alta pressão.
  • Secar os instrumentais com ar comprimido medicinal filtrado.
  • Nunca utilizar no processamento dos instrumentais oftalmológicos soluções químicas como glutaraldeído, ortoftaldeído, ácido peracético.
  • Reutilizar produtos passíveis de processamento, apenas após uma análise cuidadosa, atendendo as normas sanitárias e com envolvimento do Comitê de Processamento do Serviço de Saúde.
  • Adquirir quantidade suficiente de produtos para saúde, incluindo os instrumentais cirúrgicos para permitir tempo suficiente para o seu processamento, segundo POP padronizado.
  • Manter os colaboradores do centro cirúrgico e central de material e esterilização (CME) cientes dos possíveis eventos adversos e como preveni-los.

 

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Leia todas as informações sobre o tema no Volume 9 – Medidas de Prevenção de Infecção em Oftalmologia