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Texto baseado nos Novos manuais da Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde, Volume 8 – Medidas de Prevenção e Critérios Diagnósticos de Infecções Puerperais em Parto Vaginal e Cirurgia Cesariana

 

Infecções PuerperaisA infecção puerperal é uma das principais causas de morbimortalidade materna, constituindo um importante problema de saúde pública que demanda a medidas de prevenção desse eventos nos serviços de saúde.

Entende-se por Infecção puerperal qualquer infecção do trato genital ocorrida durante o puerpério. Há a necessidade de se complementar o conceito de infecção puerperal com o de morbidade febril puerperal, pela eventual dificuldade de caracterizar a infecção que ocorre após o parto.

A infecção puerperal pode ser polimicrobiana e os agentes etiopatogênicos são microrganismos anaeróbios e aeróbios da flora do trato geniturinário e intestinal.

As infecções pós-parto, quando não causam a morte, podem levar a outras complicações, como a doença pélvica inflamatória e a infertilidade. Cerca de 10% das mortes maternas no mundo são atribuídas à sepse, que é considerada a terceira causa direta de mortalidade nesta população, sendo superada apenas pelas complicações hemorrágicas e pela hipertensão. Estima-se que a sepse puerperal é responsável por cerca de 75.000 mortes maternas ao ano, especialmente nos países de baixa renda per capita.

As infecções puerperais no âmbito internacional apresentam índices que oscilam entre 3 e 20%, com valores médios de 9%.

 

Confira também o texto: Como posso contribuir para aumentar a segurança do paciente?

 

Medidas de Prevenção e Controle de Infecção Puerperal

Algumas atitudes básicas podem prevenir e ajudar no controle da Infecção Puerperal. Vamos destacar as principais maneiras de evitar a Infecção Puerperal citadas no volume 8 da Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde. Confira:

Medidas de Prevenção e Controle Pré-Natal

  • Higiene das mãos antes e após cada procedimento/consulta.
  • Avaliação multidisciplinar para identificação de fatores de risco e instituição de medidas preventivas.
  • Detecção e tratamento de infecções, principalmente de trato geniturinário.
  • Controle e tratamento das comorbidades maternas.

 

Medidas de Prevenção e Controle para o Parto Vaginal

O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve possuir manual de normas e rotinas técnicas de limpeza, desinfecção e esterilização, quando aplicável, das superfícies, instalações, equipamentos e produtos para a saúde.

O serviço de saúde deve estabelecer uma rotina própria para garantir a limpeza e desinfecção dos seguintes materiais utilizados para alívio não farmacológico da dor e de estímulo à evolução fisiológica do trabalho de parto humanizado:

a . Banheira

b . Barra fixa ou Escada de Ling

c . Bola de Bobat  / Cavalinho

1. Medidas de Prevenção e Controle no Pré-Parto

a) As seguintes recomendações devem ser seguidas sobre o uso de luvas para o toque vaginal:

  • As luvas devem ser acondicionadas em local apropriado, seco e limpo.
  • O profissional de saúde deve higienizar as mãos antes e após cada exame.
  • As luvas utilizadas para este procedimento podem ser de plástico ou de procedimentos (látex não cirúrgicas). Devem ser limpas, não necessariamente estéreis.

b) Higiene perineal: Como não há evidência que suporte o uso de antisséptico com a finalidade de redução de infecção puerperal, o mesmo não é recomendado.

c) Higiene das mãos: Seguir o passo a passo da publicação “Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Higienização das Mãos”, disponível no portal da Anvisa

d) Realizar procedimentos invasivos somente quando houver indicação e com produtos para saúde devidamente esterilizados.

e) Realizar menor número possível de toques vaginais: Os toques vaginais devem ser restritos às avaliações do progresso do trabalho de parto e em menor número possível, sobretudo em mulheres com ruptura de membranas amnióticas.

f) Paramentação: A seleção de equipamento de proteção individual deve ser baseada na avaliação do risco de transmissão de microrganismos para a mulher e o risco de contaminação das vestimentas e pele dos profissionais de saúde por sangue, fluidos corporais, secreções ou excreções.

g) Tricotomia: A tricotomia não deve ser realizada com finalidade de prevenção de infecção. O uso de lâmina para remoção de pelos aumenta o risco de infecção puerperal. Havendo necessidade de realizar tricotomia, usar tricotomizadores elétricos ou tesouras (tonsura).

h) Enteroclisma: É contraindicada a realização de enteroclisma.

2. Medidas de Prevenção e Controle Intraparto

Profilaxia para parto vaginal

Não há evidências suficientes para indicar antibioticoprofilaxia para parto vaginal, inclusive instrumental, sendo exceções as seguintes situações:

  • Remoção manual da placenta
  • Lacerações de períneo de 3º ou 4º graus.

3. Medidas de Prevenção e Controle Pós-Parto

  • Fazer vigilância epidemiológica de infecção pós-operatória.
  • Orientar a puérpera sobre sinais e sintomas de infecção.
  • Orientar que as relações sexuais com penetração vaginal podem ser restabelecidas por volta de 20 dias após o parto, quando já tiver ocorrido a cicatrização.
  • Higiene perineal deve ser realizada com água e sabonete no mínimo 3 (três) vezes ao dia e após as eliminações fisiológicas, diurese e evacuação.

 

Confira também o texto: [Gestão de risco] Conheça os métodos para aplicar o gerenciamento de riscos na saúde

 

Medidas de Prevenção e Controle para Cirurgia Cesariana

1.Medidas de Prevenção e Controle Pré-Parto

  • Banho pré-operatório
  • Preparo cirúrgico da pele
  • Embrocação ginecológica com produto antisséptico aquoso
  • Antissepsia cirúrgica das mãos

2.  Medidas de Prevenção e Controle Intra-Operatório

  • Antibioticoprofilaxia
  • Manutenção da normotermia durante a cirurgia.
  • Usar Checklist de cirurgia segura e do nascimento seguro da OMS.
  • Evitar remoção manual da placenta. Recomenda-se a retirada da placenta pela tração do cordão umbilical.
  • Redução do tempo cirúrgico.

3. Medidas de Prevenção e Controle Pós-Operatório

  • Usar checklist de cirurgia segura;
  • Fazer vigilância epidemiológica de infecção pós-operatória;
  • Curativo (orientações específicas): manter curativo cirúrgico/estéril por até 24 horas após o ato cirúrgico;
  • Abstinência sexual de acordo com orientação médica.

 

Medidas Gerais de Prevenção e Controle

  • Prover retorno dos índices de infecção aos profissionais de saúde.
  • Capacitação da equipe sobre prevenção da infecção.
  • Capacitação da paciente e dos familiares.
  • Realizar busca ativa das infecções cesarianas.
  • Higiene das mãos.
  • Não utilizar adornos (anéis, pulseiras, relógios, etc).

Confira todas as recomendações e o material completo em Volume 8 – Medidas de Prevenção e Critérios Diagnósticos de Infecções Puerperais em Parto Vaginal e Cirurgia Cesariana