[ivory-search id="27469" title="Default Search Form"]
[ivory-search id="27469" title="Default Search Form"]

DA CONSULTA

A sra. E.A.M.L. encaminhou consulta a este Conselho Federal de Medicina com o seguinte teor: Trabalho em uma clínica de medicina do trabalho e atuo ministrando algumas palestras. Uma empresa solicitou que fosse ministrado um treinamento para aplicação de uma medicação devido ao alto risco de reação anafilática (picada de insetos). No campo de trabalho, a medicação é EpiPen (epinefrina–adrenalina), essa medicação é dos EUA, e, após o treinamento, o médico terá que liberar receita para que seja feita a compra da medicação que será aplicada pelo próprio trabalhador, caso entre em anafilaxia. Não acho prudente que os próprios trabalhadores (pessoas que nunca tiveram contato com aplicação de medicação) façam a aplicação da medicação, sabidos os efeitos colaterais que podem ocorrer após a sua utilização. Caso aconteça algo, quem será o responsável? O que pode ser feito nesse caso? Precisamos de um parecer do CFM para apresentar à empresa.

DO PARECER

A NR 31 –Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura normatiza os preceitos a serem observados na organização e no ambiente de trabalho nessas atividades, competindo à Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), por intermédio do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho (DSST), definir, orientar, coordenar e implementar a política nacional em segurança e saúde no trabalho rural, cabendo a ela, entre outras, a função de identificar os principais problemas de segurança e saúde do setor, estabelecendo os métodos efetivos de controle dos riscos e de melhoria da condição de trabalho.

Leia também: Documento atualiza conceitos, sintomas e diagnóstico da alergia alimentar

Por outro lado, a mesma norma determina que cabe ao empregador rural ou equiparado: adotar os procedimentos necessários quando da ocorrência de acidente e doenças do trabalho; assegurar que se forneça aos trabalhadores instruções compreensíveis em matéria de segurança e saúde, bem como toda orientação e supervisão necessárias ao trabalho seguro; e informar aos trabalhadores os riscos decorrentes do trabalho e as medidas de proteção implantadas. Deve ainda o empregador rural ou equiparado promover treinamento em segurança e saúde, incluindo noções de primeiros socorros.

Essa norma indica igualmente que o Serviço Especializado em Segurança e Saúde no Trabalho Rural (SESTR)deve ser composto por profissionais de nível superior, entre eles médico e enfermeiro do trabalho, e de nível médio, como auxiliar de enfermagem do trabalho.

Material produzido pela Embrapa (circular técnica, Corumbá, MS, novembro, 2006)lembra que a exposição relativa aos riscos decorrentes do desenvolvimento da atividade agrícola dos profissionais e demais pessoas que residem, trabalham e/ou desempenham outras atividades em determinado local poderá materializar-se tendo como efeito um acidente caso as medidas preventivas não sejam adequadamente implementadas no cotidiano.

A anafilaxia é uma reação de hipersensibilidade potencialmente grave, de manifestações clínicas multissistêmicas que podem envolver desde reações cutâneas a extremas, com edema de glote, insuficiência respiratória aguda e choque anafilático, podendo ainda levar ao óbito. Quanto a seu tratamento, impõe-se claramente o uso da epinefrina o mais precocemente possível, visto que a administração de anti-histamínicos e glicocorticoides não tem apoio em estudos randomizados, apesar da sua ampla utilização.

Não é objeto desta consulta analisar o tratamento da anafilaxia por picada de inseto, porém é importante destacar que o uso inicial de adrenalina via intramuscular ou intravenosa em casos extremos e em doses determinadas são relevantes para o controle do evento. Além disso, a correção volêmica e medidas de suporte ventilatório e abordagem de via aérea, seja por cricotomia ou traqueostomia, se impõem em casos extremos.

Pelo que se vê, o tratamento da picada de insetos não se resume ao uso ou não da epinefrina, lembrando que pessoas sabidamente alérgicas e com histórico de reação são orientadas por seu médico a ter em mãos tanto a epinefrina quanto outros medicamentos.

Fonte da imagem: Futura Santé
Fonte da notícia: CFM



Deixe um comentário