- 23 de junho de 2021
- Posted by: Grupo IBES
- Category: Notícias
Cesarianas desnecessárias são potencialmente prejudiciais a mães e bebês
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um recente estudo que concluiu que a cesariana continua crescendo mundialmente, sendo responsável por mais de 1 em cada 5 (21%) partos. Este número deve continuar aumentando na próxima década, com quase um terço (29%) de todos os partos possivelmente ocorrendo por cesariana até 2030.
O estudo “Trends and projections of caesarean section rates: global and regional estimates”, publicado no BMJ Global Health, analisou a base de dados nacionalmente representativos de países em todo o mundo de 1990 a 2018, retirados de relatórios de sistemas de informação de saúde de rotina e pesquisas domiciliares de base populacional de 154 países, representando 94,5% dos nascidos vivos no mundo em 2018. Ele atualiza pesquisas publicadas em 2016 e pela primeira vez, inclui projeções de tendências futuras, até 2030.
Embora uma cesariana possa ser uma cirurgia essencial e que salva vidas, ela pode colocar mulheres e bebês em risco desnecessário de problemas de saúde em curto e longo prazo, se realizada quando não há necessidade médica.
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As cesarianas podem ser essenciais em situações como trabalho de parto prolongado ou obstruído, sofrimento fetal ou, porque o bebê está se apresentando em uma posição anormal. No entanto, como em todas as cirurgias, as cesarianas podem apresentar riscos. Isso inclui o potencial de sangramento intenso ou infecção, tempo de recuperação mais lento após o parto, atrasos no estabelecimento da amamentação e do contato pele a pele e maior probabilidade de complicações em gestações futuras.
Há discrepâncias significativas no acesso de uma mulher às cesarianas, dependendo de onde ela mora no mundo.
Nos países menos desenvolvidos, cerca de 8% das mulheres deram à luz por cesariana, com apenas 5% na África Subsaariana, indicando uma falta preocupante de acesso a essa cirurgia que salva vidas. Na América Latina e no Caribe, as taxas chegam a 4 em cada 10 (43%) nascimentos. Em 5 países (República Dominicana, Brasil, Chipre, Egito e Turquia), as cesarianas agora superam os partos normais.
As taxas mundiais de cesarianas aumentaram de cerca de 7% em 1990 para 21% atualmente. Estima-se que continuem a aumentar nesta década. Se essa tendência continuar, em 2030 as taxas mais altas provavelmente serão na:
- Ásia Oriental (63%),
- América Latina e Caribe (54%),
- Ásia Ocidental (50%),
- Norte da África (48%)
- Sul da Europa (47%),
- Austrália e Nova Zelândia (45%).
As causas do alto uso de cesarianas variam amplamente entre os países e dentro deles:
- políticas e financiamento do setor de saúde,
- normas culturais,
- percepções e práticas,
- taxas de nascimentos prematuros e
- qualidade da atenção à saúde.
Em vez de recomendar taxas-alvo específicas, a OMS ressalta a importância de focar nas necessidades exclusivas de cada mulher durante a gestação e o parto. É importante que todas as mulheres possam conversar com os profissionais de saúde e participar da tomada de decisão sobre o seu parto, recebendo informações adequadas, incluindo os riscos e benefícios. O apoio emocional é um aspecto fundamental do atendimento de qualidade durante a gravidez e o parto.
A OMS recomenda algumas ações não clínicas que podem reduzir o uso desnecessário, do ponto de vista médico, de cesarianas, dentro do contexto geral de atendimento de alta qualidade e respeito:
- Intervenções educacionais que envolvem as mulheres ativamente no planejamento do parto, como oficinas de preparação para o parto, programas de relaxamento e apoio psicossocial quando desejado, para aquelas com medo da dor ou ansiedade. A implementação de tais iniciativas deve incluir monitoramento e avaliação contínuos.
- Uso de diretrizes clínicas baseadas em evidências, realização de auditorias regulares de práticas de cesariana em unidades de saúde e fornecimento de feedback oportuno aos profissionais de saúde sobre os resultados.
- Exigência de uma segunda opinião médica para uma decisão de cesariana em locais onde isso for possível.
Com o único propósito de reduzir as cesarianas, algumas intervenções foram testadas por alguns países, mas requerem pesquisas mais rigorosas:
- Um modelo de atendimento parteira-obstetra colaborativo, para o qual o atendimento é fornecido principalmente por parteiras, com apoio de 24 horas de obstetra dedicado.
- Estratégias financeiras que equalizem as taxas cobradas para partos vaginais e cesarianas.
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Fonte: OMS/OPAS