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Cada parto é um ato único que traz ao mundo um ser único. Todos têm em comum esse momento de “chegada ao mundo”, mas nem todos sabem as circunstâncias do seu nascimento – se o trabalho de parto foi espontâneo ou induzido, se foi natural ou cesárea, prematuro, a termo ou pós-termo e se mãe e bebê precisaram de acompanhamento intensivo após o parto. Somam-se a estas outras questões que envolvem o estado emocional da gestante, o possível medo da dor e o seu entendimento sobre a melhor forma de trazer seu filho ao mundo.

Independente das circunstâncias, é primordial que gestantes e profissionais de saúde dedicados à atenção ao parto respeitem o tempo do bebê, especialmente em época de festas e propícia a férias e viagens, como o final e começo de ano. Para alertar em relação aos riscos do agendamento de cesarianas desnecessárias – numa tentativa de evitar que o bebê nasça em dia de Natal ou Ano Novo, por exemplo – a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) lança a campanha #BoaHora: respeite o tempo de nascimento do bebê!, que será disseminada nas redes sociais da Agência e multiplicada pelos hospitais e operadoras de planos de saúde participantes do Movimento Parto Adequado.

Leia também: OMS faz alterações nas recomendações para o parto normal

Dados do D-TISS (painel que permite consultar a quantidade e o valor médio de procedimentos realizados pelos beneficiários de planos de saúde informados pelas operadoras através do Padrão de Troca de Informações da Saúde Suplementar – TISS) apontam nos últimos cinco anos um aumento de cesarianas na semana que antecede o Natal, indicando antecipação do parto. Em 2019, a média semanal de partos cesáreos realizados na saúde suplementar de 16 a 23 de dezembro ficou em 6.049, caindo para 4.176 na semana de 24 a 31 de dezembro (queda de 45%). Em 2018, a mesma relação foi de 5.575 para 4.545 (queda de 23%); em 2017, de 8.760 para 6.750 (queda de 30%); em 2016, de 5.688 para 4.419 (queda de 29%); e em 2015, de 9.009 para 7.235 (queda de 25%).

Acesse aqui os dados do D-TISS.

Entre outros riscos, para as gestantes, cesáreas sem indicação clínica podem contribuir para hemorragias, dificuldades na adaptação à amamentação e infecções puerperais. Para os bebês são mais frequentes prematuridade, hipoglicemia, icterícia e dificuldade de manter a temperatura corporal.

“Ao analisar os dados do setor, identificamos todos os anos um incremento sazonal das cesarianas durante férias e feriados, sobretudo entre dezembro e fevereiro. Assim, cirurgias que podem salvar vidas quando obedecem a indicações clínicas acabam acarretando mais riscos à saúde e mais custos ao sistema, constituindo uma aplicação de recursos pouco eficiente para cooperar com a geração de valor em saúde e com a sustentabilidade do setor. De forma mais clara, como toda cirurgia, cesáreas apresentam riscos inerentes a procedimentos cirúrgicos e deveriam, portanto, ser realizadas apenas quando necessárias, do ponto de vista médico, com recomendações calcadas em evidências científicas. A ANS pretende, através da campanha, esclarecer que, em geral, o mais seguro para bebê e gestante é o bebê nascer no tempo dele”, explica César Serra, diretor de Desenvolvimento Setorial Substituto da ANS.

Painel de Indicadores de Atenção Materna e Neonatal

Com o intuito de promover a transparência das informações relativas ao parto e nascimento no setor suplementar de saúde, a ANS passou a divulgar o Painel de Indicadores de Atenção Materna e Neonatal como uma estratégia da Fase 3 do Movimento Parto Adequado. O Painel é composto por um conjunto de indicadores consolidados e contribui para a realização de pesquisas e para a diminuição da assimetria de informações no setor, disponibilizando dados relevantes para a sociedade sobre as características da atenção prestada pelas operadoras de planos de saúde e por hospitais e maternidades privados.

Segundo o Painel, em 2018 a proporção de partos cesáreos no Brasil no setor suplementar de saúde foi de 85,24%. Entre os hospitais privados (não necessariamente vinculados aos planos de saúde), o maior percentual de realização de partos cesáreos ocorreu entre 37 e 38 semanas (37,02%), quando o bebê pode estar imaturo. Já os partos vaginas foram realizados mais vezes entre 40 e 41 semanas (29,67%), quando os pulmões do bebê estão maduros e o trabalho de parto pode começar espontaneamente, o que indica que o bebê está pronto para nascer.

O painel aponta ainda que, em 2018, 55,85% das cesáreas foram realizadas antes do trabalho de parto. Não aguardar ao menos o início do trabalho de parto sem que tenha havido uma indicação médica clara é prejudicial, pois, ao longo do trabalho de parto, tanto o corpo da mãe quanto o corpo do bebê cooperam no esforço que conduz ao nascimento, o que contribui de forma fundamental para a maturação do organismo do bebê.

Confira aqui o Painel.

“Entre as causas para a elevada proporção de cesáreas no Brasil, podemos citar: a forma desarticulada como está organizada a relação entre hospitais, profissionais de saúde e pacientes; a remuneração de profissionais baseada na quantidade e não na qualidade; a preponderância de uma cultura médica intervencionista; aspectos socioeconômicos; preocupações ético-legais; e características psicológicas e culturais das pacientes”, cita o diretor César Serra.

Movimento Parto Adequado

A campanha faz parte do Movimento Parto Adequado, desenvolvido a partir de um acordo de cooperação técnica assinado entre ANS, Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI), com o apoio do Ministério da Saúde. O objetivo é reorganizar a atenção à saúde materna e neonatal no Brasil para favorecer as melhores práticas baseadas em evidências científicas em benefício da saúde de mulheres e bebês.

O Movimento estimula hospitais e operadoras de planos de saúde voluntárias a desenvolverem modelos inovadores e viáveis de atenção ao parto e nascimento, que valorizem o parto normal e reduzam o percentual de cesarianas sem indicação clínica na saúde suplementar. Desde 2016, quando foi criado, o Parto Adequado tem realizado campanhas anuais para esclarecer mulheres e seus familiares sobre os riscos de uma cesariana desnecessária.

“O Movimento já evitou mais de 20 mil cesáreas desnecessárias. Entre os hospitais participantes, verificamos medidas importantes para o cuidado adequado em qualquer data do ano: acolhimento das gestantes desde o pré-natal; maior disponibilidade de equipes plantonistas multiprofissionais, incluindo enfermeiras obstétricas e anestesistas; uso adequado de métodos não-farmacológicos para alívio da dor, como chuveiro, massagens e aromaterapia; e a construção de um rigoroso processo para agendamento de cirurgias cesáreas eletivas”, explica Daniel Pereira, diretor-adjunto de Desenvolvimento Setorial da ANS.

A campanha integra as estratégias da Fase 3, lançada em outubro de 2019 com o lema “Construindo um Movimento para a Saúde, Segurança e Equidade na Gestação e no Parto”. A meta é promover a disseminação das estratégias de melhoria da qualidade da atenção ao parto e nascimento em grande escala no país.

Gravidez e Coronavírus – Protocolos para atendimento

A ANS, através do Movimento Parto Adequado, realizou este ano uma série de reuniões virtuais para orientar profissionais de saúde, hospitais e operadoras de planos de saúde participantes do Movimento sobre os cuidados com gestantes durante a pandemia pelo novo Coronavírus.

A Agência também disponibilizou, juntamente com seus parceiros no Parto Adequado, protocolos para o atendimento a gestantes e bebês durante o pré-natal, parto e pós-parto enquanto durar a pandemia. O objetivo é disseminar a profissionais e gestores em saúde práticas mais seguras e adequadas, a partir das melhores evidências científicas e seguindo as recomendações da OMS e do Ministério da Saúde.

Confira aqui os Protocolos.

Fonte da imagem: Freepik
Fonte da notícia: ANS



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