- 1 de fevereiro de 2016
- Posted by: Grupo IBES
- Category: Segurança do Paciente
Estudo concluiu que hospitais e consultórios médicos dos EUA poderiam ter evitado cerca de 2.000 mortes de pacientes – e US$ 1,7 bilhões em custos por negligência – se a equipe assistencial e os pacientes se comunicassem melhor.
A comunicação foi um fator crítico em 30% dos casos de negligência examinados pela CRICO Strategies, uma pesquisa e análise realizada em hospitais afiliados à Harvard. Os casos – incluindo 1.744 mortes – envolvem algumas histórias graves. Em um exemplo, uma enfermeira não conseguiu dizer a um cirurgião que um paciente apresentava dor abdominal e queda no nível de glóbulos vermelhos após a cirurgia – sinais alarmantes de uma possível hemorragia interna. O paciente morreu mais tarde devido à hemorragia. Em outro caso, a recepcionista de um consultório médico recebeu ligações de um paciente diabético, mas não retransmitiu as mensagens para o médico do paciente, de modo que o paciente nunca recebeu uma chamada de volta. O paciente mais tarde entrou em deterioração e morreu de cetoacidose diabética. Num terceiro caso, uma mulher pediu para ter suas trompas ligadas depois de ter um bebê através de uma cesárea, mas suas instruções não foram compartilhadas com o obstetra de plantão. O paciente apresentou judicialmente uma alegação de negligência, quando ela ficou grávida novamente.
Frank Federico, vice-presidente para a segurança do paciente no IHI (Institute for Healthcare Improvement) em Cambridge, chamou os resultados de decepcionantes porque sugerem que duas décadas de trabalho alcançaram muito pouco progresso. Ainda há muitos desafios, como a pesada carga de trabalho, a cultura hierárquica, registros de saúde eletrônicos complicados e interrupções constantes. Os estudiosos examinaram registros clínicos em 23,658 casos de negligência, de 2009 a 2013. Eles identificaram mais de 7.000 casos em que houveram falhas de comunicação, tanto entre os profissionais de saúde quanto entre estes profissionais e os pacientes, causando danos a estes últimos.
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O relatório constatou que, embora os registros médicos eletrônicos tenham surgido, em parte, para melhorar a comunicação, em alguns casos eles têm aumentado as falhas de comunicação. Num caso, o diagnóstico de câncer de uma mulher foi adiado por um ano inteiro porque seu resultado do exame de laboratório foi conectado ao registro de saúde eletrônico, mas não foi marcado para ela uma consulta ambulatorial. Em outro caso, um pneumologista não mencionou os resultados de laboratório que sinalizavam uma possível falha cardíaca congestiva precoce, assumindo que o médico iria ver os resultados no prontuário eletrônico. Cerca de nove dias mais tarde, o paciente foi levado às pressas para a sala de emergência e morreu.
O impacto da falta de comunicação sobre erros assistenciais é provavelmente ainda maior do que o relatório indica, porque o estudo focou apenas em casos de negligência. Melhorar a comunicação é um desafio que todos os serviços de saúde devem priorizar.
FONTE: Bailey, M. Communication failures linked to 1.744 deaths in five years, US malpractice study finds. STAT, 01 Fev 2016.