- 15 de março de 2017
- Posted by: Grupo IBES
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Cada vez mais as falhas relacionadas à qualidade e segurança do Paciente, em muitos países, começam a ser relacionadas à influência das competências do Conselho Administrativo da organização.
Um trabalho publicado neste mês, entitulado “Do Hospital Boards matter for better, safer, patient care?” (O Corpo de Governança do hospital importa para um cuidado ao paciente melhor e mais seguro?), os autores validaram um instrumento de auto-avaliação das “competências da Governança” (Questionário de Auto-avaliação do Conselho de Administração, ou BSAQ).
Esta ferramenta foi utilizada para explorar nos hospitais ingleses as relações entre as competências da Diretoria e as percepções dos colaboradores sobre quão bem sua organização lida com questões de qualidade e segurança do paciente.
Um trabalho publicado por Veronesi e colaboradores, em 2013, concluiu que organizações com uma alta proporção de médicos obtiveram melhores resultados em termos de qualidade da saúde.
Outro estudo (Botje et al., 2014) abrangendo 210 hospitais, em 7 países europeus, encontrou uma associação positiva entre a qualidade clínica como item da agenda do Conselho de Administração e a propensão de Hospitais para participar de atividades de melhoria da qualidade.
Trabalho similar nos EUA explorou a relação entre o envolvimento do Conselho na qualidade e os resultados clínicos (Jha e Epstein, 2010) – sendo os hospitais de alto desempenho significativamente mais propensos a reportar características estruturais e processuais tais como subcomitês de qualidade, treinamento do Conselho e uso de dados de qualidade.
As competências podem ser definidas como capacidades subjacentes de um indivíduo para realizar tarefas específicas de forma eficaz, incluindo experiência relevantes, capacidades cognitivas e habilidades analíticas.
Dados de 95 hospitais (334 membros do Conselho de Administração) foram analisado. As melhores competências da Governança foram correlacionadas de forma consistente com as atitudes benéficas do pessoal para a notificação e tratamento de questões de qualidade e segurança.
O Questionário de Auto-Avaliação do Conselho (BSAQ) concebeu competências em seis dimensões como segue:
1.Contextual dimensão. O conselho entende e leva em conta a cultura, valores e normas da organização que governa [12 itens].
2. Dimensão educativa. O conselho toma as medidas necessárias para garantir que todos os membros estão bem informados sobre a organização e os profissionais que trabalham lá, bem como os próprios papéis da diretoria, responsabilidades e desempenho [12 itens].
3.Contato interpessoal. O conselho nutre o desenvolvimento dos seus membros como um grupo, atende ao bem-estar coletivo, e promove um sentido de coesão [11 itens].
4. Dimensão analítica. O conselho reconhece complexidades e sutilezas nas questões que enfrenta e se baseia em múltiplas perspectivas para dissecar problemas complexos e sintetizar respostas apropriadas [10 itens].
5 Dimensão política. A diretoria aceita como uma de suas principais responsabilidades a necessidade de desenvolver e manter relacionamentos saudáveis entre as principais partes interessadas. [8 itens]
6. Dimensão Estratégica.
Resultados
A maioria dos conselhos administrativos (93%) tinha entre dez e quinze membros. Os conselhos pareceram gastar um tempo considerável com as questões de segurança do paciente e qualidade: apenas 20% dos conselhos relatou que menos de 30% do seu tempo foi gasto discutindo estas questões e um quarto (26%) relatou que mais de 60% do tempo foi gasto com segurança do paciente e qualidade.
Em geral, relatou-se um elevado nível de características desejáveis (tais como processos formais de apoio à segurança e qualidade, metas explícitas e mensuráveis e participação em treinamento formal). Ótimos resultados para o sistema de saúde NHS, da Inglaterra.
E os hospitais brasileiros, como se enquadrariam nesta questão? Deixe a sua opinião!
Referência: Mannion, R. et al. Do Hospital Boards matter for better, safer, patient care? Social Science & Medicine. Volume 177, March 2017, Pages 278–287