- 9 de novembro de 2016
- Posted by: Grupo IBES
- Category: Notícias
Os dados mais recentes do Ministério da Saúde (MS) falam em 216 mil casos prováveis de febre Chikungunya no país, sendo 120 óbitos em decorrência da doença, neste contexto a Sociedade Brasileira de Reumatologia anuncia o I Consenso Brasileiro de Diagnóstico e Tratamento da Febre Chikungunya, doença que pode causar dores articulares intensas e incapacitantes em sua fase aguda, podendo ainda evoluir para a forma crônica, caracterizada por artrite ou dor persistente por mais de três meses.
Estima-se que hoje, no Brasil mais de 20 milhões de pessoas, de todas as idades, tenham enfermidades que acometem o sistema músculo esquelético. A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), em 2016, aponta para os riscos que o aumento nos casos de Chikungunya No País trazem para a população. A infecção aguda pelo vírus Chikungunya (CHIKV) é sintomática em 80 a 97% dos pacientes, de acordo com os estudos avaliados. Os sintomas mais comuns são febre de início súbito e artralgia (dor articular) ou artrite (praticamente em 100% dos casos), comumente de padrão simétrico e poliarticular. Para Georges Christopoulos, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), o cenário não chega a ser de urgência, mas de alerta. Provavelmente haverá outro surto de novos casos no verão, e não haverá especialistas suficientes para atender a todos. Por isso, entender como deve ser o tratamento é fundamental para os que fazem a atenção básica. “Estamos avaliando todos os trabalhos mundiais e experiências para apontar o tempo de duração da fase aguda. Já a fase crônica pode durar anos. O cenário de urgência deve acontecer no verão com a tendência de uma explosão de mosquitos por conta do calor”, afirma. “O surto que começou forte no início do ano deve voltar com toda a carga a partir do verão e se os médicos não tiverem conhecimento para manejar a dor dos pacientes, a população irá sofrer. Pode impactar casos de internação em idosos e crianças, pacientes com imunodeficiências e comorbidades, que tendem a ter maiores complicações”, diz.
As queixas articulares dos pacientes com Febre Chikungunya acometem sobretudo mãos, punhos, tornozelos e pés. Outros sinais e sintomas descritos são: mialgia (60¬93%), cefaleia (40¬81%), dores axiais, exantema macular/maculopapular (33,6 a 50%), com ou sem prurido cutâneo, edema de face e extremidades e poliadenopatia. Manifestações clínicas mais raras (menos del 30% dos casos) têm sido documentadas na fase aguda, como: meningoencefalite, vômitos, insuficiência renal e respiratória. Apresentações atípicas ocorrem especialmente em crianças, idosos e portadores de comorbidades crônicas preexistentes.
Na fase subaguda, os sintomas articulares são os mais prevalentes e ocorrem em 50% dos pacientes infectados pelo CHIKV. Caracteriza-se pela persistência da artralgia/artrite, bursite, tenossinovite, associado a rigidez matinal e astenia, com evolução contínua ou intermitente. “A prevalência de manifestações articulares crônicas após a infecção pelo vírus Chikungunya varia de 14,4 a 87,2%, sendo a magnitude das diferenças na prevalência atribuídas aos diferentes perfis populacionais e períodos de segmento”, ressalta a reumatologista. Por iniciativa de médicos da SBR iniciou-se a coorte CHIKBRASIL, em abril de 2016, inicialmente em quatro Estados do Nordeste do país (Ceará, Pernambuco, Paraíba e Sergipe). Até o presente momento foram incluídos 431 pacientes, com tempo médio de doença de 13,92 (±10,506) semanas, tendo sido observada uma frequência maior da forma poliarticular (80,5%); artralgia foi a queixa mais prevalente, acometendo 100% dos casos; edema articular em 85,2% e rigidez pós repouso em 88,6%. A escala visual analógica (EVA) de dor média na inclusão foi 7,033 (±3,203), sendo notável o comprometimento da coluna cervical (52,9%) e lombar (43,4%) (dados não publicados). O consenso será entregue ao Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), por meio de todas as Sociedades regionais de Reumatologia no país, considerando presença em 25 estados brasileiros. Os médicos também atuarão junto às secretarias de saúde estaduais para a distribuição e capilaridade em todos os municípios do país para o alcance nacional de conscientização e orientação dos profissionais de saúde em relação a essa enfermidade. O acesso ao documento também será disponibilizado no site da SBR no endereço www.reumatologia.org.br e será publicado na Revista Brasileira de Reumatologia.
A distribuição e veiculação do documento na íntegra será feita dia 5 de novembro.
Critérios de diagnóstico MS –
Doentes reumáticos no Brasil – As doenças reumáticas já afetam 10% da população brasileira, com manifestações em pessoas de qualquer idade, alertam os especialistas da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). Entre as mais frequentes estão osteoartrite, artrite reumatoide, osteoporose, fibromialgia, gota e lúpus.
Existem mais de 120 doenças reumáticas catalogadas, que acometem o aparelho locomotor como ossos, articulações, músculos e cartilagens.
Saiba mais:
O que é reumatologia? – É a especialidade médica que estuda, diagnostica e trata uma série de moléstias relacionadas ao comprometimento do sistema músculo-esquelético e do tecido conjuntivo, podendo ser subdividida em outras áreas de atuação como: doenças autoimunes difusas do tecido conjuntivo, vasculites sistêmicas, espondiloartropatias, doenças osteometabólicas, degenerativas, articulares causadas por microcristais, artropatiasreativas, reumáticas associadas a processos infecciosos, reumatismos extra-articulares, e artropatias secundárias a outras enfermidades não reumáticas.
Sobre a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) – Fundada em 1949 pelos médicos Herrera Ramos, Valdemar Bianchi, Pedro Nava, Israel Bonomo, Décio Olinto e outros, a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) tem como missão promover a excelência da Reumatologia mediante incentivo ao ensino, à pesquisa e à assistência e contribuir para a formulação de políticas públicas, visando à saúde e ao bem-estar do paciente reumático. Congregar os reumatologistas e promover, divulgar e ampliar a abrangência do exercício da especialidade. Sem fins lucrativos e filiada à Associação Médica Brasileira (AMB), a SBR tem hoje mais de 1500 associados, 25 sociedades regionais filiadas e 24 assessorias e comissões científicas, que atuam nas várias expressões dessa especialidade médica. A SBR luta para promover a saúde da comunidade, contribuindo para a formulação de políticas públicas, bem como aprimorar os conhecimentos em reumatologia, estimulando os médicos-pesquisadores com prêmios, bolsas de estudo e financiamento de pesquisa. Outras informações: www.reumatologia.org.br |
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FONTE: CFM