- 28 de abril de 2016
- Posted by: Grupo IBES
- Category: vigilância
A chegada do inverno no Hemisfério Sul requer atenção redobrada para as doenças respiratórias, como a gripe. Por isso, o Ministério da Saúde lançou, nesta quarta-feira (27), a Campanha Nacional de Vacinação contra os Vírus da Influenza, sendo sábado (30) o dia D de mobilização nacional. O público-alvo da campanha, que segue até 20 de maio, é de 49,8 milhões de pessoas. A meta do Ministério da Saúde é vacinar, pelo menos, 80% desta população, considerada de risco para complicações por gripe.
São integrantes deste grupo, pessoas a partir de 60 anos, crianças de seis meses a menores de cinco anos (quatro anos, 11 meses e 29 dias), trabalhadores de saúde, povos indígenas, gestantes, puérperas (até 45 dias após o parto), pessoas privadas de liberdade – o que inclui adolescentes e jovens de 12 a 21 anos em medidas socioeducativas – e os funcionários do sistema prisional. As pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis, que inclui pessoas com deficiências específicas, também devem se vacinar. Para esse grupo não há meta específica de vacinação.
A escolha dos grupos prioritários segue recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS). Essa definição também é respaldada por estudos epidemiológicos e pela observação do comportamento das infecções respiratórias, que têm como principal agente os vírus da gripe. São priorizados os grupos mais suscetíveis ao agravamento de doenças respiratórias.
“A influenza é sazonal e cíclica. Em um ano podemos ter mais casos da doença e em outro ano menos. Como não é possível prever esta sazonalidade da doença, é importante que todas as pessoas integrantes do público-alvo da campanha, se vacinem todos os anos”, explicou o secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, nesta quarta-feira, durante o lançamento da campanha.
DISTRIBUIÇÃO DAS DOSES – Desde 1º de abril deste ano, o Ministério da Saúde está enviando aos estados doses da vacina contra a influenza de 2016. Até o momento, 22 estados optaram por antecipar a vacinação para alguns grupos do público-alvo. Vale ressaltar que, a partir do recebimento das vacinas, os gestores locais têm autonomia para definir estratégias de vacinação da população-alvo, observando a reserva adequada do produto para a campanha nacional.
Nas quatro primeiras remessas (1º a 22 de abril), os estados receberam 30,7 milhões de doses, o que corresponde a 57% do total a ser enviado para a campanha deste ano. Estão previstas mais duas remessas com o restante do quantitativo para as próximas semanas. O cronograma de distribuição aos estados é elaborado de acordo com a entrega da vacina pelo laboratório produtor, o Instituto Butantan. A entrega das vacinas aos municípios é de responsabilidade dos estados.
Ao todo, serão distribuídas 54 milhões de doses da vacina, que protege contra os três subtipos do vírus da gripe determinados pela OMS para este ano (A/H1N1; A/H3N2 e influenza B). Em todo o país, serão 65 mil postos de vacinação, com envolvimento de 240 mil profissionais de saúde. Também estarão disponíveis para a mobilização 27 mil veículos terrestres, marítimos e fluviais.
“Até o dia 6 de maio, 100% das doses da vacina serão entregues em todo o país. Não há necessidade de correria aos postos de saúde porque há vacina suficiente para todos do público prioritário. Foram adquiridos 54 milhões de doses para todo o país, enquanto temos de público-alvo 49,8 milhões de pessoas. Portanto é importante reforçar que não há necessidade de pânico porque a vacina não vai acabar”, afirmou o secretário.
As pessoas com doenças crônicas devem apresentar prescrição médica no ato da vacinação. Pacientes cadastrados em programas de controle das doenças crônicas do Sistema Único de Saúde (SUS) deverão se dirigir aos postos em que estão registrados para receber a vacina, sem a necessidade de prescrição médica.
A vacina contra gripe é segura e reduz as complicações que podem produzir casos graves da doença, internações ou, até mesmo, óbitos. Estudos demonstram que a vacinação pode reduzir entre 32% a 45% o número de hospitalizações por pneumonias e de 39% a 75% a mortalidade por complicações da influenza. “Temos milhões de pessoas vacinadas, não só no Brasil, mas no mundo. Esta é uma vacina de vírus inativado, então não é possível ser infectado por um vírus do imunobiológico. O que pode ocorrer é a pessoa, coincidentemente, ser acometida por outro dos milhares de vírus em circulação, inclusive de resfriados”, explicou a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues.
MEDICAMENTO – Em março, o Ministério da Saúde encaminhou às secretarias estaduais de saúde um documento pedindo que os gestores observem as orientações de tratamento sugeridas no protocolo de atendimento da influenza. Uma das principais recomendações do protocolo é a prescrição e o acesso rápido ao antiviral Fosfato de Oseltamivir. Para atingir sua eficácia máxima, o medicamento deve ser tomado nas primeiras 48 horas após o início da doença, na forma grave.
Todas as pessoas integrantes do grupo prioritário da campanha e que apresentem sintomas de Síndrome Gripal e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) devem tomar o medicamento mesmo que não ocorra o agravamento da doença. O documento orienta ainda que o remédio seja indicado para pessoas que não se encaixam nesse perfil, mas apresentam sinais de agravamento do quadro, como falta de ar. Por fim, a droga é indicada para pessoas do grupo de risco que estejam em contato com pacientes com H1N1. Neste caso, o remédio é ministrado para prevenir a doença.
Em 2016, o Ministério da Saúde enviou às secretarias de saúde dos estados, até o início de março, 891.400 unidades oseltamivir (30 mg), 729.000 de 45 mg e 2.237.000 de 75 mg. Este medicamento faz parte do Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica (CESAF), cuja compra é centralizada, ou seja, o Ministério da Saúde é responsável pela aquisição e envio aos estados. Cabe aos estados, Distrito Federal e aos municípios a responsabilidade pelo armazenamento, controle de estoque e prazos de validade, distribuição e dispensação.
O Ministério da Saúde reforça que, além da vacinação, a população deve adotar medidas de prevenção para evitar a infecção por influenza. Medidas de higiene, como lavar sempre as mãos e evitar locais com aglomeração de pessoas que facilitam a transmissão de doenças respiratórias, são algumas destas medidas.
CASOS DA DOENÇA – Neste ano, até 16 de abril, foram registrados 1.635 casos de influenza de todos os tipos no Brasil. Deste total, 83% (1.365) por influenza A (H1N1), sendo 230 óbitos, com registro de um caso importado (o vírus foi contraído em outro país). O Brasil possui uma rede de unidades sentinelas para vigilância da influenza, distribuídas em serviços de saúde de todas as unidades federadas do país, que monitoram a circulação do vírus influenza por meio de casos de síndrome gripal (SG) e síndrome respiratória aguda grave (SRAG).
A Região Sudeste concentra o maior número de casos (976) de H1N1, sendo 883 no estado de São Paulo. Outros estados que registraram casos neste ano foram Santa Catarina (102); Goiás (62); Rio de Janeiro (44); Minas Gerais (44); Pará (42); Distrito Federal (36); Rio Grande do Sul (32); Bahia (32); Paraná (30); Mato Grosso do Sul (14); Pernambuco (11); Alagoas (6); Ceará (6); Rio Grande do Norte (6); Espírito Santo (5); Mato Grosso (4); Paraíba (3); Amapá (1) e Sergipe (1).
Com relação ao número de óbitos, São Paulo registrou 119, seguido por Santa Catarina (20); Rio de Janeiro (17); Rio Grande do Sul (13); Goiás (11); Minas Gerais (10); Bahia (8); Pará (6); Paraná (4); Distrito Federal (3); Mato Grosso do Sul (3); Mato Grosso (3); Rio Grande do Norte (3); Ceará (3); Alagoas (2); Pernambuco (1); Paraíba (1); Amapá (1) e Espírito Santo (1). O Ministério da Saúde informa que está monitorando os casos de H1N1 nesses estados junto com as vigilâncias locais.
CURSO – A partir desta quarta-feira (27), profissionais de saúde de todo o país podem fazer curso Online de Manejo Clínico da Influenza, oferecido pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, por meio da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS). Voltado para médicos, o objetivo do curso é atualizar esses profissionais, que atuam em toda rede assistencial, para reforçar o manejo adequado da influenza, de acordo com os protocolos vigentes do Ministério da Saúde. Entre as orientações está a recomendação do uso da medicação antiviral até 48h da manifestação dos sintomas e a atenção especial aos casos de síndrome respiratória aguda.
O curso é oferecido desde 2013 e trata também do diagnóstico diferencial entre o resfriado de síndrome gripal e a síndrome respiratória aguda grave. Além disso, são abordados temas como os principais riscos de complicação e as medidas que reduzem a transmissão da gripe. As inscrições ficam abertas até novembro deste ano. Acesse a página do curso para saber mais: http://unasus.gov.br/influenza.
PÚBLICO-ALVO DA CAMPANHA DE 2016
ESTIMATIVA |
|
Idosos |
20,8 milhões |
Crianças (de seis meses a menores de 5 anos) |
12,8 milhões |
Trabalhadores de saúde |
4,1 milhões |
Gestantes |
2,2 milhões |
Puérperas (até 45 depois do parto) |
366 mil |
Povos indígenas |
620 mil |
População privada de liberdade, incluindo adolescentes e jovens sob medidas socioeducativas |
630 mil |
Funcionários do sistema prisional |
96,9 mil |
FONTE: Ministério da Saúde