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Muitos pacientes que têm alta do hospital não entendem os planos de acompanhamento de cuidados porque as instruções são adaptadas para pessoas com níveis de leitura mais altas e mais educação, sugere um estudo recente nos EUA. A American Medical Association já recomenda que informações de saúde escritas devem ser direcionadas para um público considerado de “sexta série”, porque quase metade da população é apenas marginalmente ou funcionalmente alfabetizada, com um nível de leitura elementar, observam os pesquisadores no American Journal of Surgery.
 
literacy
 
Mas o estudo atual avaliou as orientações de alta dadas a cerca de 500 pacientes que sofreram cirurgias de trauma e que tiveram alta do hospital e constatou que apenas 1/4 deles tinha as habilidades de leitura necessárias para compreender adequadamente as instruções dadas pela equipe assistencial. Parte do problema é que estas orientações são escritas para dois públicos muito diferentes – os pacientes e famílias que precisam de instruções simples, e seus médicos, que estão acostumados aos termos médicos e científicos, disse o autor do estudo, Dr. Martin Zielinski, um cirurgião de trauma na Clínica Mayo em Rochester, Minnesota. “Mesmo que os pacientes acreditem que entenderam o que ocorreu durante a sua hospitalização e as instruções que eles receberam na alta, eles podem tornar-se confusos depois que saem do ambiente hospitalar devido aos medicamentos que foram administrados, o estresse da hospitalização e, particularmente dentro da nossa população de pacientes, lesões cerebrais traumáticas, tais como contusões”, Zielinski disse.
 
Para avaliar a facilidade com que os pacientes com trauma podem decifrar as suas orientações de alta, Zielinski e seus colegas usaram duas fórmulas padrão para determinar os níveis de leitura com base nas palavras totais, sílabas e frases em textos. A maioria dos 314 pacientes no estudo que tinha dados disponíveis de educação tinha o segundo grau completo, enquanto que 22% tinha pelo menos alguma educação universitária. Cerca de 4% destes pacientes eram analfabetos funcionais, com níveis de leitura na quinta série ou abaixo, e outros 40 por cento eram marginalmente alfabetizados com um nível de leitura da oitava série. As instruções eram tipicamente emitidas em um nível de leitura nível mais complexo, enquanto na outra avaliação as orientações podiam ser facilmente compreendidas pelos alunos de 13 a 15 anos de idade. A dificuldade de decifrar estas orientações não parecem ser diferentes em relação a se os pacientes tiveram a cirurgia ou quanto tempo eles ficaram no hospital.
 
O nível de leitura do paciente não pareceu influenciar as chances de retornar ao hospital dentro de um mês após a alta ou a probabilidade dele ligar para o hospital com perguntas, descobriu o estudo. Mas, na maioria das vezes, quando isso ocorria, o paciente tinha um nível de leitura muito baixo para entender as orientações de alta. As limitações do estudo incluem a falta de dados da educação em todos os pacientes, bem como a exclusão dos que não falam inglês, observam os autores. Mesmo assim, os resultados evidenciam que as orientações de alta do paciente estão escritas para os níveis de educação muito avançados para que muitos pacientes possam entender, os autores concluem. Para garantir a compreensão do paciente, essas informações devem ser escritas direcionadas para um público de sexta série.
 
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Um projeto cuidadoso, com a contribuição dos próprios pacientes, ajudaria a criar ferramentas mais compreensíveis. É possível que os registros eletrônicos de saúde pode ser parte da solução. Estes programas podem permitir aos médicos avaliar a facilidade com que os pacientes podem ler as instruções em tempo real e serem rápidos para ajustar o seu teor, conforme necessário, para torná-las mais simples de entender.
 
FONTE: American Journal of Surgery, 27/12/2015.