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Como gerenciar a Hipertermia Maligna em Pacientes Anestésicos?

 Trata-se de uma reação farmacogenética que pode levar à falência multissistêmica e até à morte

A hipertermia maligna (HM) é uma condição rara, porém grave, que ocorre durante a administração de anestésicos, particularmente os anestésicos voláteis e o agente bloqueador neuromuscular suxametônio. Trata-se de uma reação farmacogenética que pode levar à falência multissistêmica e até à morte, se não for gerenciada adequadamente e de forma rápida. Compreender os mecanismos e estar preparado para manejar essa condição é essencial para os profissionais de saúde, especialmente anestesiologistas, a fim de garantir a segurança do paciente em procedimentos cirúrgicos.

 

A Hipertermia Maligna é desencadeada por uma mutação genética que afeta o funcionamento dos canais de cálcio nos músculos esqueléticos, resultando em uma liberação descontrolada de cálcio e, consequentemente, no aumento rápido do metabolismo muscular. O excesso de atividade metabólica gera calor em grande quantidade, elevando rapidamente a temperatura corporal, um dos sinais distintivos da condição. Além disso, a rigidez muscular, acidose e hipercalemia são manifestações comuns. O profissional de saúde precisa estar atento a esses sinais e pronto para agir prontamente quando os primeiros sintomas aparecerem (Rosenberg et al., 2015).

 

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O gerenciamento adequado da hipertermia maligna começa com a identificação rápida dos sintomas e o conhecimento profundo sobre a **história médica do paciente**, já que a condição é hereditária. A avaliação pré-anestésica deve investigar a existência de antecedentes familiares de Hipertermia Maligna ou episódios de reações adversas a anestésicos. A importância dessa avaliação não pode ser subestimada, já que muitos pacientes podem ser portadores assintomáticos do gene que causa a condição (Litman et al., 2018).

 

O tratamento mais eficaz para a hipertermia maligna é a administração imediata de **dantrolene**, um relaxante muscular que age bloqueando a liberação de cálcio pelos canais, interrompendo a cadeia de eventos metabólicos. O dantrolene deve estar disponível em todas as salas de cirurgia, e as equipes médicas devem estar treinadas para administrá-lo prontamente. Estudos mostram que a administração precoce de dantrolene reduz significativamente a mortalidade e as complicações associadas à Hipertermia Maligna (Hopkins et al., 2016).

 

 

Além de interromper o uso de anestésicos voláteis e suxametônio, medidas de suporte como **resfriamento ativo do paciente** são cruciais para controlar a hipertermia. Isso pode incluir o uso de cobertores de resfriamento, lavagem de cavidades corporais com soro frio e administração de líquidos intravenosos refrigerados. A equipe deve monitorar rigorosamente os sinais vitais e os níveis de eletrólitos, como potássio, que podem subir drasticamente, levando a arritmias cardíacas (Wappler, 2018).

 

A preparação e o treinamento contínuo das equipes de anestesiologia são essenciais para garantir o sucesso no manejo da hipertermia maligna. Simulações regulares de emergências, como a HM, garantem que os profissionais de saúde estejam prontos para reagir com eficácia em situações críticas. Além disso, a revisão dos protocolos de tratamento e o fácil acesso a recursos como dantrolene e equipamentos de resfriamento devem ser garantidos em todas as unidades de saúde que realizam cirurgias sob anestesia geral (Hopkins et al., 2016).

 

O monitoramento pós-crise também é fundamental. Pacientes que sofreram um episódio de hipertermia maligna devem ser acompanhados de perto por dias após o evento, devido ao risco de complicações tardias, como insuficiência renal e recidivas. A conscientização do paciente e de seus familiares sobre a condição é igualmente importante, garantindo que futuras intervenções cirúrgicas sejam planejadas de maneira segura e com o conhecimento do histórico de Hipertermia Maligna (Rosenberg et al., 2015).

 

Portanto, o gerenciamento eficaz da hipertermia maligna é um fator crucial na anestesiologia moderna. O sucesso no tratamento depende da **preparação prévia, diagnóstico precoce e ação rápida**. O treinamento constante das equipes e a disponibilidade de recursos adequados podem salvar vidas, minimizando as consequências potencialmente fatais dessa condição. A educação continuada e o reforço dos protocolos clínicos garantem que os profissionais de saúde estejam sempre prontos para enfrentar esse tipo de emergência (Litman et al., 2018).

 

Fonte da imagem: Envato

Referências:

– Hopkins, P. M., Rüffert, H., Snoeck, M. M., Girard, T., Glahn, K. P., Ellis, F. R., & Heytens, L. (2016). European Malignant Hyperthermia Group guidelines for the investigation of malignant hyperthermia susceptibility. *British Journal of Anaesthesia*, 117(4), 500-505.
– Litman, R. S., Rosenberg, H., & Gronert, G. A. (2018). Malignant Hyperthermia Susceptibility and Related Disorders. *Anesthesiology*, 128(1), 168-178.
– Rosenberg, H., Pollock, N., Schiemann, A., Bulger, T., & Stowell, K. (2015). Malignant hyperthermia: a review. *Orphanet Journal of Rare Diseases*, 10(1), 93.
– Wappler, F. (2018). An update on the perioperative management of malignant hyperthermia. *Current Opinion in Anaesthesiology*, 31(3), 414-419.

 



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