O burnout do profissional de saúde pode impactar na segurança do paciente?

Uma revisão sistemática, publicada no British Medical Journal, descobriu que os médicos que trabalham em atendimento de emergência que sofreram burnout tinham duas vezes mais chances de se envolver em um incidente de segurança do paciente.

Isso se soma à crescente evidência de que altas cargas de trabalho, longas horas, falta de pessoal e falta geral de suporte, que causam desgaste em enfermeiros e outros profissionais de saúde, estão colocando em risco a segurança do paciente.

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A revisão incluiu dados de 170 estudos anteriores sobre burnout auto-relatado em médicos e seus efeitos na progressão na carreira e na qualidade do atendimento ao paciente. Dados de quase 240.000 médicos foram incluídos na análise.

Burnout foi mais comum em ambientes hospitalares e, especificamente, naqueles que trabalham em medicina de emergência e terapia intensiva.

Os médicos que relataram burnout tinham 4 vezes menos chances de sentir satisfação no trabalho, mais de 3 vezes mais chances de se arrepender de sua escolha de carreira e de pensar em deixar o emprego.

O Burnout foi associado a uma duplicação do risco de incidentes de segurança do paciente. Este risco foi maior em médicos com idade entre 20-30 anos e naqueles que trabalham em medicina de emergência.

Nicki Credland, presidente da Associação Britânica de Enfermeiros de Cuidados Intensivos (BACCN) e chefe do departamento de prática paramédica, perioperatória e avançada da Universidade de Hull, disse que os mesmos problemas foram encontrados na enfermagem da UTI.

“Continuamos a ver um aumento dos problemas de saúde mental e bem-estar que se traduzem em aumento da doença da equipe, diminuição da satisfação no trabalho, intenção de sair, baixa retenção de funcionários”, disse ela.

Ela acrescentou que os enfermeiros que sofrem de esgotamento precisam ter acesso à saúde mental e apoio ao bem-estar.

Níveis seguros de pessoal, remuneração adequada, férias anuais protegidas e progressão na carreira apoiada foram essenciais para evitar o esgotamento em enfermeiros de cuidados intensivos, disse ela.

A chefe de saúde, segurança e bem-estar do Royal College of Nursing, Leona Cameron, concordou que a ligação entre burnout e risco de segurança do paciente relatado no novo estudo também se aplica aos enfermeiros.

“Embora este estudo seja sobre médicos e não equipe de enfermagem, parece corroborar o que já sabemos – que quando não há enfermeiros suficientes à disposição, é o atendimento ao paciente que sofre”, disse ela.

“Estudos acadêmicos mostraram que quando não há enfermeiros suficientes, o risco de morte aumenta”, disse Cameron.

Fonte da imagem: Freepik

Fonte da notícia: Baines, M. Concerns over impact of health worker burnout on patient safety. Nursing Times.
20 SEPTEMBER, 2022.