- 30 de novembro de 2015
- Posted by: Grupo IBES
- Category: Notícias, Sem categoria
Erro de omissão é preocupante porque refere-se a uma dose que foi omitida ou adiada. Medicamentos são administrados tardiamente ou omitidos usualmente pelas seguintes razões: a droga não é adequadamente prescrita, não está disponível na instituição, a via de administração não está disponível ou o paciente está fora da unidade de internação (por exemplo, realizando algum exame).
Vale lembrar que algumas drogas precisam de ser dadas o mais rapidamente possível, incluindo medicamentos de reanimação, primeiras doses de antimicrobianos, anticoagulantes, trombolíticos e anticonvulsivantes, por exemplo. Omissão ou atraso podem ter resultados graves ou fatais, por exemplo, embolia pulmonar.
Estudos de avaliação desta prática publicados, mostram que a omissão das dosagens de medicamentos prescritos é comum nas organizações de saúde.
ESTUDO DE CASO
Em um estudo australiano, observou-se que cerca de 86% dos medicamentos omitidos coloca os pacientes em algum grau de risco. Os autores desenvolveram um pacote de segurança de medicamentos para facilitar a diminuição dos incidentes relativos às doses omitidas através de auditorias, educação e feedback.
Na fase de implementação, um grupo de trabalho composto por pessoal de enfermagem e profissionais de farmácia do hospital do estudo, localizado em Victoria, Austrália, fez uma revisão das ferramentas de auditoria existentes e de estudos publicados para desenvolver uma lista de medicamentos críticos e uma ferramenta de auditoria.
A ferramenta, as definições e instruções foram testadas em onze hospitais rurais, urbanos e de ensino. Melhorias foram introduzidas na ferramenta usando-se um modelo de PDSA (Plan-Do-Study-Act).
Foi realizada uma apresentação educativa utilizando incidentes relatados. A equipe de avaliação testou a ferramenta de auditoria em 321 pacientes que receberam 17.361 doses de medicação, no total dos onze hospitais.
O feedback dos dados recolhido da auditoria foi útil para introduzir melhorias na prática e para o processo de acreditação. O material didático é composto por um manual denominado Guia do Utilizador, além de uma apresentação para o pessoal de enfermagem ilustrada com seis casos com perguntas, com instruções sobre como diminuir o dano por doses omitidas, garantindo documentação correta e prioridade dos medicamentos de tempo crítico.
O estudo concluiu que a introdução de um pacote de segurança de medicamentos, usando definições-padrão e uma lista de medicamentos críticos foi testado com sucesso. Vários hospitais interestaduais passaram a utilizar as ferramentas como parte dos seus programas de segurança de medicação hospitalar.
NO BRASIL
Um estudo brasileiro identificou as situações indicativas de erro ou quase erro na medicação através da análise das prescrições de medicamentos e evoluções de enfermagem. Foram analisadas 1.585 prescrições, e entre os medicamentos prescritos 34,2% apresentaram horários em que não havia registro da administração de medicamentos e 22,5% tinham o horário circulado.
O COREN-SP, de acordo com o artigo “Erros de Medicação Definições e Estratégias de Prevenção” selecionou as seguintes estratégias de prevenção para erros de omissão de administração de medicamentos:
- Implementar a prática de verificação dos certos da terapia medicamentosa: medicamento certo (confirmar o medicamento com a prescrição e conferir três vezes o rótulo), dose certa (esclarecer dúvidas e confirmar cálculos), via certa, horário certo, paciente certo (utilizar dois identificadores para cada paciente), anotação certa.
- Certificar-se de que as informações estejam documentadas corretamente. Informações incompletas devem ser esclarecidas antes da administração do medicamento.
- Seguir cuidadosamente os protocolos institucionais de administração de medicamentos.
- Registrar corretamente a administração do medicamento, conforme regras da instituição e imediatamente após sua execução.
- Prever a supervisão de técnicos e auxiliares de enfermagem por enfermeiro, no preparo e administração de medicamentos.
- Atentar para o preparo de pacientes para exames ou jejum que possam interferir na administração do medicamento.
- Não administrar ou adiar administração de doses quando a condição do paciente exigir; relatar e registrar a omissão adequadamente. Se necessário, procurar orientação com outro profissional.
- Estabelecer meios eficazes de comunicação entre a equipe multiprofissional e entre os componentes da equipe e o paciente e família.
- Definir rotina de verificação das prescrições médicas e de enfermagem na passagem de plantão.
IMPORTANTE:
O IBES reitera a importância do profissional médico ser sempre informado nos casos nos quais uma medicação não foi administrada. Infelizmente, na prática, ainda observamos diversas causas para a não administração, incluindo a não-dispensação devido à falta dos produtos. E não é incomum que o médico não seja comunicado de forma efetiva sobre tais intercorrências, de modo a possibilitar a revisão do plano terapêutico ou a compreensão dos motivos de piora clínica ou de eventos adversos.
FONTE:
- GRAUDINS LINDA V., et al. Multicentre study to develop a medication safety package for decreasing inpatient harm from omission of time-critical medications. Int J Health Care 27: 67–74
- Erros de Medicação Definições e Estratégias de Prevenção. CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DO ESTADO DE SÃO PAULO – COREN-SP REDE BRASILEIRA DE ENFERMAGEM E SEGURANÇA DO PACIENTE – REBRAENSP – POLO SÃO PAULO SÃO PAULO – 2011
- Oliveira, R.C. et al. Estratégias para prevenção de erros na medicação no setor de emergência. Rev. bras. enferm. vol.58 no.4 Brasília July/Aug. 2005