- 20 de agosto de 2021
- Posted by: Grupo IBES
- Category: Notícias
Velhice não é doença
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou recentemente a revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 11), que entrará em vigor em 01/01/2022.
Contudo, a definição de um novo tipo de patologia causou repercussão nas mídias sociais, movimentando leigos e sociedades científicas: a inclusão do termo “velhice”, ou no original “old age”, como doença.
Durante audiência da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, a Presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Dra. Ivete Berkenbrock, e Dra. Vania Herédia, especialista em Gerontologia pela SBGG, discorreram sobre como tal definição pode prejudicar o registro correto das causas de mortes e aumentar a discriminação contra a pessoa idosa.
Em 1982, na cidade de Viena, concebeu-se a ideia da “Primeira Assembleia Mundial do Envelhecimento” com o discurso de que é necessário preparar o envelhecimento da população, uma vez que nem todos os países estavam preparados para atender as demandas do envelhecimento da sua população e a chamada “era da Longevidade”.
Já com a de um envelhecimento saudável, conhecida como Proposta do Envelhecimento Ativo,
após 20 anos, em Madrid, ocorreu a “Segunda Assembleia Mundial do Envelhecimento”, quando muitos países passaram a reconhecer a necessidade de preparar o envelhecimento de sua população.
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De acordo com as Nações Unidas, o padrão de idade de 60 é utilizado para “descrever pessoas mais velhas”, conforme a política de envelhecimento ativo, proposto no documento que é importante reconhecer que a idade cronológica não é um marcador preciso para as mudanças que acompanham o envelhecimento, independentemente da idade definida.
Assim, a política de envelhecimento ativo mostrou que aumentar a qualidade de vida, bem como a expectativa de uma vida saudável é viável para todos, inclusive para as que estão passando por um envelhecimento mais fragilizado.
Desta forma, observa-se que a idade não é o único grande marcador da velhice, envolvendo outras questões funcionais e de atividade.
A SBGG afirma, assim, que identificar a velhice de forma ampla como uma doença pode significar um retrocesso, agudizando questões referentes a preconceitos de idade e colocando o idoso em segundo plano, sem protagonismo social, podendo coloca em jogo os 30 anos em que as Sociedades construíram uma imagem positiva do envelhecimento.
A seguir, itens que marcaram a “Década do Envelhecimento Saudável”, segundo a SBGG:
- Mudar a forma como pensamos, sentimos e agimos com relação à idade e ao envelhecimento;
- Apesar de todas as contribuições e ações que as pessoas idosas fazem e fizeram às suas comunidades e familiares, ainda existem muitos estereótipos (como pensamos), preconceito (como nos sentimos) e discriminação (como agimos) em relação às pessoas com base em sua idade;
- A discriminação por idade afeta pessoas de todas as faixas etárias, mas tem efeitos particularmente prejudiciais sobre a saúde e o bem-estar das pessoas idosas.
Portanto, velhice não é doença, mas sim, um estado de vida.
Fonte da imagem: Freepik
Referência: Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Velhice é doença? Não. 2021.
Organização Mundial da Saúde – OMS. International Classification of Diseases 11th Revision. 2021.