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Fonte: Freepik

 

Medicamentos fitoterápicos são formulados por meio do extrato de matérias-primas ativas vegetais para o tratamento e prevenção de problemas de saúde. O farmacêutico, Nilton Luz, chefe do Núcleo de Farmácia Viva da Secretaria de Estado da Saúde do Distrito Federal (SES-DF), esclarece que a fitoterapia é a terapêutica, é a forma de se tratar e prevenir doenças pelo uso de plantas medicinais e pelo uso de fitoterápicos. “O fitoterápico é o produto elaborado a partir da planta medicinal. O paciente pode utilizar um fitoterápico em uma planta medicinal ou cultivar a planta. Se for plantar ou coletar planta medicinal, precisa sempre observar que o local, que deve ser longe de esgotos, depósito de lixo, fossa, margem de estrada ou mesmo estacionamento de veículos para que a planta esteja em condições de cultivo ideal e para utilização”.

A utilização da fitoterapia deve ser recomendada e prescrita por profissional da saúde após avaliação prévia ou acompanhamento para o uso terapêutico isolado ou complementar junto a outra medicação no tratamento de alguma enfermidade. “Algumas pessoas utilizam fitoterápico sem prescrição, sem recomendação de um profissional da saúde ou acompanhamento por tempo indeterminado. Justamente porque julgam ser um produto de origem natural, acreditam que não causa malefícios. Existem interações medicamentosas que prejudicam o tratamento do paciente caso ele esteja utilizando outro medicamento conjuntamente, por exemplo, um medicamento sintético, causando inclusive alterações significativas na qualidade de vida do paciente”.

Esse foi o caso da dona de casa, Estela Lopes, 81, moradora da zona rural de Orizona, interior de Goiás. Ela ouviu dizer que a Ginkgo Biloba serve para melhorar a memória e resolveu começar a usar sem prescrição médica ou orientação farmacêutica. A aposentada nunca teve problemas de pressão e não tinha passado por estresse ou mudado a alimentação, porém, o uso do medicamento fitoterápico não surtiu os efeitos esperados e a fez apresentar sintomas como dor de cabeça e tontura. Então descobriu o problema após a visita de rotina de uma agente de saúde em sua residência que, ao aferir a sua pressão arterial, observou um aumento e indicou uma consulta médica para averiguar o que estava ocasionando a alteração. “Fui ao médico e houve a constatação da irregularidade. Ele prescreveu um medicamento para controlar a pressão. Comprei na farmácia, mas tomei apenas durante alguns dias porque, ao retornar ao médico, tive outro resultado alarmante, de que minha pressão baixou demais. A medicação foi suspensa e fiquei sendo acompanhada pelo médico. Em nenhum momento falei ao médico que tinha tomado Ginkgo Biloba. Depois desse episódio parei de tomar ambas as medicações e não tive mais nenhum problema”, recorda dona Estela.

O farmacêutico afirma que tratamentos com medicamentos derivados de Ginkgo Biloba precisam ser monitorados. “O Ginkgo Biloba representa uma planta que é considerada tradicional e que possui estudos científicos. Portanto medicamentos feitos a partir do Ginkgo Biloba são utilizados, reconhecidos na área fitoterápica em todo mundo. Medicamentos à base de Ginkgo Biloba precisa ser monitorado, por exemplo, em caso de um paciente que vai realizar um procedimento cirúrgico, pelo menos três dias antes procedimento cirúrgico esse medicamento deve ser interrompido, pacientes podem ter distúrbios gastrointestinais, podem ter reações alérgicas cutâneas leves, foram relatados enjoos com uso do medicamento. É o medicamento que pode interferir com Varfarina e outros inibidores da agregação plaquetária podendo causar hemorragia, pode diminuir por exemplo, ação de anticonvulsivantes”

Nilton Luz explica, ainda, que existem casos em que o fitoterápico é utilizado como complementação do tratamento. “O fitoterápico é um alopático, diferente do sintético e homeopático, que são outra classificação de medicamento. É importante que o tempo de utilização seja preestabelecido e que esses riscos, caso existam, sejam anteriormente previstos para que o paciente consiga ter resultado satisfatório sem gerar riscos desnecessários à sua saúde”.

As plantas medicinais e a fitoterapia fazem parte das Práticas Integrativas na prestação de Saúde da Família. A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza este modelo como medicina tradicional e medicina complementar e alternativa (MT/MCA). Em 2006, foi instituída a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC), responsável pela regulamentação e incentivo de práticas terapêuticas utilizadas pela população. De acordo com o chefe do Núcleo de Farmácia Viva, no âmbito do estabelecimento de saúde, o farmacêutico pode não só orientar em relação às dúvidas que o paciente tenha com relação a medicamentos fitoterápicos e plantas medicinais como também pode e deve acompanhar o uso desses produtos pelos pacientes. “Alguns pacientes que fazem o uso de produtos naturais, por vezes, não falam com o prescritor, não falam com o farmacêutico que estão utilizando. Na anamnese, na orientação farmacêutica, devemos sempre um questionamento ao paciente, se ele faz uso, por quanto tempo faz e se há alguma recomendação de outro profissional ou se ele faz por conta própria para que a gente realmente possa estabelecer um vínculo muito interativo com o paciente, evitando riscos ao uso de forma inadequada ou por tempo indeterminado”, pondera.

Mesmo compondo, em sua grande maioria, a classe dos Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) os fitoterápicos não devem ser adquiridos e consumidos a esmo acreditando nos benefícios de uma falsa propaganda exibida em anúncio de venda ou por indicação de alguém próximo que obteve resultados satisfatórios fazendo tal uso. Nem sempre a substância que funcionou para um indivíduo irá surtir efeitos positivos em outro. Automedicar-se pode silenciar temporariamente sintomas e agravar o quadro evolutivo de uma doença grave. “Existem, no Brasil, medicamentos fitoterápicos que são especificamente voltados à prescrição médica por uma questão sanitária, por uma questão de registro junto a Anvisa. Embora nós tenhamos medicamentos fitoterápicos isentos de prescrição, produtos tradicionais fitoterápicos. Então, há medicamentos tarjados, de tarja vermelha, de tarja preta, que é uma classe que se exige não só apresentação da receita médica ou odontológica como também a retenção e registro informação dessa receita. O farmacêutico pode prescrever fitoterápicos que não se enquadre nas considerações que eu acabei de comentar. Não só o fitoterápico, o farmacêutico pode prescrever também a planta medicinal e, também, a droga vegetal que passa por um processo de secagem para preparações extemporâneas”, comenta.

O conselheiro federal de Farmácia pelo Distrito Federal, Forland Oliveira, destaca que o farmacêutico desempenha Importante papel em todos os níveis de atenção à saúde. “Sem dúvida, dada capilaridade e facilidade de acesso da população a esse profissional, é na atenção primária que o trabalho desenvolvido por ele com medicamentos fitoterápicos ganha mais destaque. O farmacêutico está envolvido não só na produção, mas também na prescrição desses medicamentos. É claro, que existem alguns medicamentos fitoterápicos que requerem prescrição médica, mas o farmacêutico é o profissional que está habilitado para identificar esses problemas em que haja necessidade de outros cuidados de atenção à saúde. Sem sombra de dúvidas, o trabalho do farmacêutico e a introdução de produtos fitoterápicos na terapêutica dos pacientes é uma prática que tem sido cada vez mais recorrente na atenção primária”, aponta.

Forland ensina como devem ser preparados os chás, que podem ser feitos tanto por infusão ou por cozimento. “Primeiramente, sempre lavar bem a parte da planta a ser utilizada em água limpa e corrente: nunca utilizar a parte da planta que esteja murcha, estragada, velha ou que contém insetos. Sempre verificar a quantidade de plantas a ser utilizadas no preparo do chá, dependendo, se ela estiver fresca ou seca, a dosagem é diferente; a planta verde pesa mais que a planta seca.

Outras dicas importantes são sempre utilizar a vasilha de vidro, de porcelana, inox ou esmaltados para preparar o seu chá e sempre consumir o chá por infusão, preferencialmente, no dia do preparo. O chá pode ser usado tanto externamente quanto internamente, isso depende da indicação medicinal da planta utilizada e nunca use qualquer medicamento junto com chá de planta medicinal. “Medicamento tem que ser utilizado com água, caso você tenha alguma dúvida em relação ao preparo por infusão ou decocção que são formas diferentes procure orientação de um profissional da saúde, procure a orientação de um farmacêutico que detém o conhecimento para que possa realmente fazer com que os resultados esperados com o uso dessa planta medicinal sejam adequados”. conclui.

 



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