- 11 de agosto de 2017
- Posted by: Grupo IBES
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Texto baseado nos Novos manuais da Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde, Volume 8 – Medidas de Prevenção e Critérios Diagnósticos de Infecções Puerperais em Parto Vaginal e Cirurgia Cesariana
A infecção puerperal é uma das principais causas de morbimortalidade materna, constituindo um importante problema de saúde pública que demanda a medidas de prevenção desse eventos nos serviços de saúde.
Entende-se por Infecção puerperal qualquer infecção do trato genital ocorrida durante o puerpério. Há a necessidade de se complementar o conceito de infecção puerperal com o de morbidade febril puerperal, pela eventual dificuldade de caracterizar a infecção que ocorre após o parto.
A infecção puerperal pode ser polimicrobiana e os agentes etiopatogênicos são microrganismos anaeróbios e aeróbios da flora do trato geniturinário e intestinal.
As infecções pós-parto, quando não causam a morte, podem levar a outras complicações, como a doença pélvica inflamatória e a infertilidade. Cerca de 10% das mortes maternas no mundo são atribuídas à sepse, que é considerada a terceira causa direta de mortalidade nesta população, sendo superada apenas pelas complicações hemorrágicas e pela hipertensão. Estima-se que a sepse puerperal é responsável por cerca de 75.000 mortes maternas ao ano, especialmente nos países de baixa renda per capita.
As infecções puerperais no âmbito internacional apresentam índices que oscilam entre 3 e 20%, com valores médios de 9%.
Confira também o texto: Como posso contribuir para aumentar a segurança do paciente?
Medidas de Prevenção e Controle de Infecção Puerperal
Algumas atitudes básicas podem prevenir e ajudar no controle da Infecção Puerperal. Vamos destacar as principais maneiras de evitar a Infecção Puerperal citadas no volume 8 da Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde. Confira:
Medidas de Prevenção e Controle Pré-Natal
- Higiene das mãos antes e após cada procedimento/consulta.
- Avaliação multidisciplinar para identificação de fatores de risco e instituição de medidas preventivas.
- Detecção e tratamento de infecções, principalmente de trato geniturinário.
- Controle e tratamento das comorbidades maternas.
Medidas de Prevenção e Controle para o Parto Vaginal
O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve possuir manual de normas e rotinas técnicas de limpeza, desinfecção e esterilização, quando aplicável, das superfícies, instalações, equipamentos e produtos para a saúde.
O serviço de saúde deve estabelecer uma rotina própria para garantir a limpeza e desinfecção dos seguintes materiais utilizados para alívio não farmacológico da dor e de estímulo à evolução fisiológica do trabalho de parto humanizado:
a . Banheira
b . Barra fixa ou Escada de Ling
c . Bola de Bobat / Cavalinho
1. Medidas de Prevenção e Controle no Pré-Parto
a) As seguintes recomendações devem ser seguidas sobre o uso de luvas para o toque vaginal:
- As luvas devem ser acondicionadas em local apropriado, seco e limpo.
- O profissional de saúde deve higienizar as mãos antes e após cada exame.
- As luvas utilizadas para este procedimento podem ser de plástico ou de procedimentos (látex não cirúrgicas). Devem ser limpas, não necessariamente estéreis.
b) Higiene perineal: Como não há evidência que suporte o uso de antisséptico com a finalidade de redução de infecção puerperal, o mesmo não é recomendado.
c) Higiene das mãos: Seguir o passo a passo da publicação “Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Higienização das Mãos”, disponível no portal da Anvisa
d) Realizar procedimentos invasivos somente quando houver indicação e com produtos para saúde devidamente esterilizados.
e) Realizar menor número possível de toques vaginais: Os toques vaginais devem ser restritos às avaliações do progresso do trabalho de parto e em menor número possível, sobretudo em mulheres com ruptura de membranas amnióticas.
f) Paramentação: A seleção de equipamento de proteção individual deve ser baseada na avaliação do risco de transmissão de microrganismos para a mulher e o risco de contaminação das vestimentas e pele dos profissionais de saúde por sangue, fluidos corporais, secreções ou excreções.
g) Tricotomia: A tricotomia não deve ser realizada com finalidade de prevenção de infecção. O uso de lâmina para remoção de pelos aumenta o risco de infecção puerperal. Havendo necessidade de realizar tricotomia, usar tricotomizadores elétricos ou tesouras (tonsura).
h) Enteroclisma: É contraindicada a realização de enteroclisma.
2. Medidas de Prevenção e Controle Intraparto
Profilaxia para parto vaginal
Não há evidências suficientes para indicar antibioticoprofilaxia para parto vaginal, inclusive instrumental, sendo exceções as seguintes situações:
- Remoção manual da placenta
- Lacerações de períneo de 3º ou 4º graus.
3. Medidas de Prevenção e Controle Pós-Parto
- Fazer vigilância epidemiológica de infecção pós-operatória.
- Orientar a puérpera sobre sinais e sintomas de infecção.
- Orientar que as relações sexuais com penetração vaginal podem ser restabelecidas por volta de 20 dias após o parto, quando já tiver ocorrido a cicatrização.
- Higiene perineal deve ser realizada com água e sabonete no mínimo 3 (três) vezes ao dia e após as eliminações fisiológicas, diurese e evacuação.
Confira também o texto: [Gestão de risco] Conheça os métodos para aplicar o gerenciamento de riscos na saúde
Medidas de Prevenção e Controle para Cirurgia Cesariana
1.Medidas de Prevenção e Controle Pré-Parto
- Banho pré-operatório
- Preparo cirúrgico da pele
- Embrocação ginecológica com produto antisséptico aquoso
- Antissepsia cirúrgica das mãos
2. Medidas de Prevenção e Controle Intra-Operatório
- Antibioticoprofilaxia
- Manutenção da normotermia durante a cirurgia.
- Usar Checklist de cirurgia segura e do nascimento seguro da OMS.
- Evitar remoção manual da placenta. Recomenda-se a retirada da placenta pela tração do cordão umbilical.
- Redução do tempo cirúrgico.
3. Medidas de Prevenção e Controle Pós-Operatório
- Usar checklist de cirurgia segura;
- Fazer vigilância epidemiológica de infecção pós-operatória;
- Curativo (orientações específicas): manter curativo cirúrgico/estéril por até 24 horas após o ato cirúrgico;
- Abstinência sexual de acordo com orientação médica.
Medidas Gerais de Prevenção e Controle
- Prover retorno dos índices de infecção aos profissionais de saúde.
- Capacitação da equipe sobre prevenção da infecção.
- Capacitação da paciente e dos familiares.
- Realizar busca ativa das infecções cesarianas.
- Higiene das mãos.
- Não utilizar adornos (anéis, pulseiras, relógios, etc).
Confira todas as recomendações e o material completo em Volume 8 – Medidas de Prevenção e Critérios Diagnósticos de Infecções Puerperais em Parto Vaginal e Cirurgia Cesariana