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A passagem de plantão médico é um ponto delicado no cuidado e exige atenção, boa comunicação e compromisso dos colaboradores, uma vez que coloca em risco a segurança do paciente. Visando minimizar os riscos de eventos adversos, o Seattle Children’s Hospital adotou o modelo “cascata”, o qual prevê a sobreposição dos profissionais para a passagem de plantão com maior segurança.

A partir dessa iniciativa é possível reduzir números alarmantes, como os apontados em pesquisas anteriores:

  • 74% dos pacientes não possuem a comunicação sobre sinais vitais durante a transferência;
  • 58% dos casos tiveram erros ou omissões dos colaboradores durante a transferência.

 

O MODELO ORIGINAL

Anteriormente, haviam turnos médicos variando de 7 a 9 horas. Quando havia uma mudança de turno, o médico de entrada assinava toda a lista de pacientes. O modelo original apresentava várias deficiências: vários pacientes foram transferidos para o médico assistente, criando múltiplas oportunidades para erros e omissões de comunicação.

Como estagiários e enfermeiros esperavam para rever os pacientes com o médico assistente, o atendimento ao paciente ficava sempre atrasado. A saída de cada médico era estressante durante os horários de pico e quando os pacientes chegavam durante o processo de transferência.

 

O NOVO MODELO

Na chegada ao pronto-socorro, um médico assistente assume um papel primário. O próximo médico chega de 3 a 5 horas depois, assume o papel principal e imediatamente começa a tratar novos pacientes.  O primeiro médico, então, atende a um papel secundário e completa o trabalho em pacientes existentes enquanto trata pacientes novos, menos complexos, com a intenção de tratá-los e/ou liberá-los antes do final do turno. Com médicos iniciando o tratamento de pacientes em vez de gastar tempo recebendo as transferências, o atendimento ao paciente não é atrasado.

A tomada de decisão é focada no início do turno, quando os médicos têm melhor capacidade de decisão. Isso também pode levar a uma menor fadiga na tomada de decisões mais assertivas ao longo do turno. O modelo em cascata garante que um médico descansado e revigorado esteja chegando em horários escalonados, o que proporciona alívio para a equipe que já esteve no departamento por várias horas.

Além disso, observaram-se mais oportunidades para colaborar e interagir com outros médicos durante os turnos, em vez de apenas um curto período de tempo durante as transferências de fim de turno.

 

No caso do Seattle Children’s Hospital, a implementação do modelo “cascata” reduziu em 25% a transferência de pacientes. Com esta mudança surgiram os seguintes benefícios:

  1. Melhoria da segurança do paciente
  2. Aumento da eficiência do cuidado
  3. Melhoria e aumento do tempo de comunicação entre colaboradores e com paciente
  4. Maior pontualidade e fluidez no cuidado
  5. Maior capacitação dos profissionais
  6. Redução do burnout dos colaboradores
  7. Redução da carga de trabalho
  8. Aumento da capacidade de tomada de decisão
  9. Aumento da credibilidade da instituição

 

Confira: 12 pontos que precisamos melhorar, com urgência, no cuidado em saúde

 

Para obter esses resultados, é necessário que o modelo siga os 3 princípios de implementação:

  • Envolvimento de todas as partes + mudanças na cultura organizacional
  • Incentivo e apoio da liderança na implementação do modelo
  • Estrutura adequada e espaçosa para atender a demanda necessária

 

A partir destas medidas, é possível construir um cuidado que preza pela segurança de todos os agentes envolvidos nele, de modo a também melhorar a experiência do paciente e colaboradores no processo.

 

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Neste episódio, Aléxia Costa comenta a eficiência do i-SBAR nas transferências de plantão na UTI:

 

Referência:

Christopher Cheney. ‘WATERFALL’ SHIFTS IN ER IMPROVE FLOW OF PATIENTS. Health Leaders. Outubro de 2018.



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